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Governação descentralização & cidadania

Finalmente, os municípios

Esta não é a conversa que estava pre­vista para este mês. Em início de ano, é meu costume dedicá-la a outros temas, mais adequados à época. A realização do Fórum sobre os Programas Municipais de Desenvol­vimento Rural e Combate à Pobreza fez-me mudar de ideia.

O Executivo tem enviado à sociedade nos úl­timos tempos alguns sinais de mudança no estilo de governação. Um deles é a tentativa de aproximação aos cidadãos. O facto agora anunciado de que a actividade governativa deverá concentrar-se nos municípios é cla­ramente um bom indício de mudança.

A cultura política em Angola é autoritária e de concentração e centralização de poder a todos os níveis. Em Maio de 2003, o Presiden­te da República fez um importante discurso onde “decretou” o fim do centralismo de­mocrático de triste memória. Infelizmente, o discurso não teve a ressonância nos meios de comunicação social públicos que outros discursos mais circunstanciais habitual­mente têm.

Em Dezembro de 2009, na sua mensagem de Ano Novo, o Presidente disse que “um processo participativo e inclusivo de consolidação da paz, de reconciliação nacional e desenvolvimento sustentável, em que cada um possa encontrar um lugar de intervenção deve ser começado”. Foi do mesmo modo praticamente ignorado.

Não sou ingénuo, e sei que os políticos, em todo o mundo, dizem muitas vezes aquilo que convém numa determinada circuns­tância. Mas nas condições de Angola e não preciso de explicar porquê – deveria ter sido uma obrigação da oposição e das organiza­ções da sociedade civil fazerem a ampliação desse tipo de discurso para “forçarem” o poder a aplicar aquilo que se poderia con­siderar uma “orientação estratégica ‘ de largo alcance.

Apraz-me dizer que a ADRA foi uma das poucas excepções. Porque já vi­nha adoptando desde há muito a estratégia de concentração do seu trabalho nos muni­cípios, decidiu aproveitar a oportunidade para aprofundá-la e facilitar a aproximação das Administrações do Estado às comunida­des e às populações em geral, e os resulta­dos estão à vista, só não os vendo quem não quer ver por má fé, ou por desconhecimento.

A ADRA foi, sem qualquer dúvida, a primeira organização angolana a colocar o município no coração do desenvolvimento – e disso deve orgulhar-se – contribuindo, com isso, para influenciar outros desenvolvimentos da estratégia governamental de desconcen­tração e descentralização.

É certo que houve tentativas anteriores. Do ponto de vista teórico, o Programa de Reabilitação Comunitária e Reconstrução Nacional.

Pelos vistos, o Presidente decidiu retomar, por iniciativa própria, a ideia e passá-la à prática. Os primeiros sinais vieram em 2010 com a decisão de se avançar um pouco mais no processo de desconcentração.

O novo regime financeiro e os Programas Integra­dos Municipais de Desenvolvimento Rural e Combate à Pobreza (PIM) foram dois passos concretos.

A revisão do OGE de 2010 previu as primeiras verbas para tais Programas, o que é fundamental para se dar corpo à estra­tégia. Mas igualmente importante foi consi­derar nos PIM que o combate à pobreza não se faz apenas com intervenções nas áreas da saúde e da educação, como perigosamente se estava a pensar.

Com efeito, na linha do indiano Amartya Senn, Prémio Nobel da Economia, e do senador brasileiro Cristóvão Buarque, defendo que o combate à pobreza exige um maior acesso aos serviços por par­te da população, e tais serviços não podem ser apenas de carácter social, mas também de carácter económico.

No nosso caso, res­ponsabilizar os municípios pela agricultura e pelo comércio locais constitui um progres­so que considero crucial para o desenvol­vimento do país. Por outro lado, a linha de crédito de campanha poderá ser, tanto ou mais do que as verbas do OGE, um precioso instrumento para alavancar, como agora se diz, um melhor combate à pobreza através da agricultura familiar e do comércio de pro­dutos agrícolas.

O meu elogio a este processo não deve ser entendido como um cheque em branco. Há muitos pontos fracos. Desde logo, a meto­dologia usada na concepção dos Programas, de cima para baixo, está hoje ultrapassada no mundo moderno ao qual Angola quer pertencer e contraria a própria abordagem participativa enunciada pelo Presidente.

A metodologia do Fórum, com base na disser­tação de ministros e outros conferencistas, sem grupos de trabalho, está igualmente ul­trapassada.

A ausência das mais interventivas organizações da sociedade civil e de par­tidos sem assento parlamentar, fez pensar que o “processo participativo e inclusivo em que cada um possa encontrar um lugar de intervenção”, afinal ainda não começou.

A própria ADRA, a organização angolana com mais experiência na matéria, tenho de dizer e é reconhecido unanimemente por to­das as Administrações dos municípios onde trabalha, teve de lutar para conseguir estar presente apenas a partir do segundo dia, talvez por “esquecimento”. A comunicação social pública mais uma vez foi igual a si pró­pria.

Ao contrário do que acontece com ou­tros eventos sociais e desportivos, transmi­tidos integralmente em directo, limitou-se a dar pequenos espaços a um assunto desta natureza, mostrando bem que o combate à pobreza não está nas suas prioridades, o que é mau, pois desta maneira não está a cumprir uma orientação superior.

 

 

Ministro da administração do território garante atenção especial aos munícipes

O Executivo vai prestar este ano uma atenção especial à pro­ximidade dos serviços do Esta­do aos cidadãos, à promoção da qualidade de vida das popula­ções e vai dar mais importância aos municípios, afirmou ontem, em Luanda, o ministro da Admi­nistração do Território.

Bornito Sousa, que falava na aber­tura do ano escolar no Instituto de Formação da Administração Local, disse que é neste quadro que tem lu­gar hoje, em Luanda, o fórum nacio­nal sobre os programas municipais de desenvolvimento rural e de com­bate à pobreza.

O ministro da Administração do Território realçou que o fórum na­cional vai ser seguido de fóruns pro­vinciais e municipais para transmi­tir aos vários níveis a metodologia e as prioridades de execução dos programas que têm como objectivo melhorar a qualidade de vida a das populações.

Bornito de Sousa sublinhou que em paralelo vão também ser reali­zados seminários nacionais e pro­vinciais sobre matérias fundamen­tais com destaque para a gestão do Orçamento Geral do Estado, o Sis­tema de Planeamento Nacional e o Sistema de Estatística. 

“Neste quadro, o Instituto de For­mação da Administração local tem uma responsabilidade adicional para tomar realidade a importância dos municípios particularmente no que toca aos funcionários da administração local do Estado e num fu­turo próximo e aos trabalhadores das autarquias”

Bornito de Sousa lembrou que desde 2002, o Executivo presta uma atenção prioritária à constru­ção de infra-estruturas que já per­mitem a circulação de pessoas e bens em todo o território nacional e reconheceu que há ainda um es­forço a fazer particularmente nas áreas do Leste e do Norte do país “que estão a merecer também uma atenção prioritária”.

Combate à pobreza             

 O fórum nacional sobre o desen­volvimento rural e o combate à po­breza realiza-se de hoje até quarta-feira, no Centro de Conferência de Belas e é organizado pela Casa Ci­vil da Presidência da República.

Sob o lema “Combate à Pobreza um compromisso do Executivo angolano”, o fórum vai contar com a participação de deputados à assembleia Nacional, membros do Execu­tivo, governadores provinciais, ad­ministradores municipais, delega­dos provinciais das Finanças e re­presentantes de Organizações Não Governamentais nacionais.

O fórum está dividido em três pai­néis: “combate à pobreza, o desen­volvimento rural, comércio rural, numa perspectiva integrada em Angola”, “Os programas municipais integrados, o programa Agua para Todos, a estratégia para segu­rança alimentar e nutricional e a municipalização dos serviços de saúde” e “Mecanismos de planifi­cação e financiamento dos progra­mas municipais integrados e reestruturação das parcerias”.

 Administração Local

 O Instituto de Formação da Administração Local (IFA1) lançou on­tem uma colectânea de legislação Sobre a administração Local e a paginado “website” da instituição. O Ministro Bornito de Sousa conside­rou a colectânea “muito importan­te”, porque se trata de um manual de trabalho dos governos províncias e administrações municipais e todas as pessoas interessadas na adminis­tração local, incluindo os estudantes do ensino médio e instituições públi­cas e privadas.

O ministro da Administração do Território disse que a colectânea tem documentos importantes, tendo des­tacado a Lei sobre a Organização e o Funcionamento da Administração Local, o Decreto Presidencial sobre a Delimitação de Competências entre a Administração Central e a Lo­cal, o Regime de Financiamento da Administração Local, Normas so­bre o Investimento e Património Pú­blico, a Lei da Probidade Pública, referencias legislativas sobre o Or­çamento Geral do Estado e sobre a Contratação Pública.

O ministro pediu o empenho dos governos provinciais e das administrações municipais na cooperação com o Instituto de Formação da administração Local, para que a mé­dio prazo sejam resolvidas as difi­culdades a nível da administração local e do país. O director do Insti­tuto de Formação da Administração Local (IF AL), Ismael Mateus, disse que o “website” é um instrumento de comunicação entre a instituição e os seus utentes.

A colectânea de legislação sobre a Administração Local é uma produ­ção do Instituto de Formação da Administração Local e do Ministé­rio da Administração do Território que pretendem reunir toda legisla­ção saída depois da entrada em vi­gor da Constituição.

 

Cristãos defendem criação do poder local

Os participantes na quarta Se­mana Social Nacional sobre “De­mocracia e Participação” solici­tam à Assembleia Nacional e ao Executivo a criação, a curto pra­zo, das condições necessárias para a instalação das autarquias locais, a fim de permitir que as comunidades participem de for­ma mais activa no desenvolvi­mento do país.

A Semana Social Nacional, que ontem terminou incluiu vários de­bates e os participantes recomen­daram que as localidades mais re­cônditas devem ter prioridade na realização de estudos para a execu­ção de programas sociais.

Os participantes consideram crí­ticas as condições sócio- financei­ras da maioria da população, parti­cularmente do interior do país. Re­ferem que por este motivo, as auto­ridades tradicionais muitas vezes são influenciadas pelos partidos políticos devido à sua vulnerabili­dade resultante da pobreza.

No documento elaborado no fi­nal dos trabalhos, é recomendada a criação e a divulgação ampla de mecanismos de participação efec­tiva dos cidadãos no processo de elaboração e fiscalização do Orça­mento Geral do Estado nas dife­rentes regiões do país.

Os participantes nos trabalhos concluíram que a transparência na gestão dos bens públicos é funda­mental para a participação do cida­dão no desenvolvimento do país. Por isso, recomendam a publica­ção, de forma regular, da Conta Ge­ral do Estado.

A criação de instituições demo­cráticas fortes para a consolidação da democracia em Angola foi outra necessidade apontada pelos parti­cipantes, que também defendem apoio às associações da sociedade civil no seu trabalho nas comunida­des para melhor identificação dos problemas e respectivas soluções.

Os participantes recomendaram, igualmente, o Executivo no sentido de encontrar formas mais eficazes de combater as causas dos fenómenos da feitiçaria, porque violam os direi­tos fundamentais dos cidadãos.

Pediram ainda a criação de insti­tuições democráticas fortes para a consolidação da democracia.

Temas discutidos

 A quarta Semana Social Nacio­nal, que decorreu desde o dia 11 até ontem, permitiu a discussão de vários temas ligados à democracia e participação do cidadão nas tare­fas do país.

A democracia é o princípio legi­timador de uma Constituição, afir­mou em Luanda, o docente univer­sitário Marcolino Moço, quando dissertava sobre o tema “Relação Directa entre Justiça, Constituição e Democracia” durante a quarta Se­mana Social Nacional.

Marcolino Moço explicou que a relação entre democracia e justiça, no plano da filosofia política, resul­ta na instauração de instituições justas, do ponto de vista das ideias, que contribuam para a felicidade de todos, respeitando os seus direi­tos fundamentais e salvaguardando os interesses das futuras gerações. “Temos, assim, a relação completa da justiça, como pilar da felicida­de individual e colectiva numa sociedade, dada com a instaura­ção de instituições democráticas accionadas pela actividade cons­ciente e livre dos componentes da mesma e, a garantia desse modelo ideal, por uma Constituição res­peitada por todos”, sublinhou o professor universitário.

Marcolino Moço lembrou que a Constituição da República é um tex­to fundamental que regula os direi­tos e garantias dos cidadãos e a orga­nização política de um Estado. O texto, disse, pode ser formalmente concentrado num único documento ou em vários documentos. A siste­mática análise crítica realizada aos postulados do Direito permite saber, em cada momento do desen­volvimento da sociedade, se o ins­trumento de política de Estado es­tá a ser utilizado para a realização da manutenção de uma ordem so­cial justa, afirmou o jurista Her­menegildo Cachimbombo durante a sua intervenção na “Semana So­cial Nacional”.

O jurista apresentou o tema “A dimensão social e política como um marco civilizacional: o princí­pio da certeza e da segurança do Direito” durante a quarta Semana Social Nacional, organizada pela Conferência Episcopal de Angola e São Tomé (CEAST), em parceria com o Centro Cultural Mosaiko.

Hermenegildo Cachimbombo de­fendeu que para assegurar a ordem social, é necessário que, ao criar o Direito, o Estado previamente reco­nheça a existência da ordem, porque a ideia e a necessidade de justiça pré-existe ao Estado enquanto insti­tuição. Afirma que “a justiça é so­bretudo um estado de espírito ou sentimento partilhado pela humani­dade, cuja concretização obedece às especificidades da comunidade que dela reclama”.

Hermenegildo Cachimbombo acrescentou que “partindo do prin­cípio de que o Estado no processo criativo do Direito deve reconhe­cer previamente os valores e refe­rências de uma ordem social justa, é importante evitar o risco de con­fundir justiça com o mero cumpri­mento de soluções impostas pela ordem jurídica positiva, entendi­da como conjunto de normas jurí­dicas de criação estadual em vi­gor”, frisou.

A quarta Semana Social Nacio­nal foi promovida pela Conferên­cia Episcopal de Angola e São To­mé o Centro Cultural Mosaiko.

 

CEAST promove democracia e participação

O presidente da Co­missão Episcopal, Justiça e Paz defen­deu que o país deve procurar os melhores caminhos para o seu crescimento sócio económico.

D. António Jaca falava na abertura da IV Semana Social Nacional sobre “Democracia e Participação”, que decorrem esta semana no Seminá­rio Maior, em Luanda, promovida pela Conferência Episcopal de An­gola e São Tomé (Ceast), através do Centro Cultural Mosaiko, manifes­tando a disponibilidade em ajudar os fiéis e concidadãos a participar, de forma activa, na construção de uma sociedade democrática e de direito.

“Há necessidade de lutar contra a miséria e a pobreza, corrup­ção, lapidação do erário público, impunidade, violência e tantos outros males que prejudicam a sociedade”, alertou Q bispo.

A participação activa dos cida­dãos em todos os sectores da vida pública vai ajudar o país a envere­dar por outros caminhos da justiça social, da paz e reconciliação nacio­nal, dó multipartidarismo efectivo e do -respeito pelo princípio de al­ternância do exercício do poder político, através de eleições regula­res, periódicas, livres e justas, sen­do os leigos católicos, chamados a intervir de uma forma concreta.

“Os membros da Igreja, en­quanto integrantes da sociedade civil, têm o direito e o dever de procurar o bem comum, como os demais cidadãos e devem desem­penhar as suas tarefas temporais com fidelidade e competência e operar como fermento no mundo, na sua vida social, familiar, cultu­ral e política”, sublinhou

D. Jaca, destacando que o crente tem o di­reito e o dever de levar a sua fé à vida política, para que os progra­mas públicos sejam sempre inspi­rados numa visão ética cristã, além do que a igreja, no âmbito da sua missão evangelizadora, tem a obri­gação de proclamar a justiça, bem como de denunciar situações de injustiça.

Por essa razão, a construção de uma verdadeira sociedade demo­crática passa, também, pela morali­zação da sociedade. “Uma democracia só é viável quando a sociedade cultiva uma vida vir­tuosa. Se assim não acontece o progresso económico fica afecta­do pelo egoísmo, levando à desi­gualdade e injustiça social”,contrariando que o objectivo é “criar uma sociedade não exclusi­vista, impositiva e repressiva, mas aberta, dialogante e tolerante”.

Entretanto, o constitucionalista português Jorge Miranda disse, em Luanda, ser importante os países democráticos encontrarem um equilíbrio para os partidos não do­minarem totalmente a vida políti­ca.

Falando sobre “Democracia re­presentativa e participativa”, des­tacou que o papel dos partidos na sociedade é indispensável, pois são eles que apresentam os candidatos às eleições e programas políticos e de Governo.

Mas este papel, como frisou, pode tomar-se absorvente porque os partidos querem sempre substi­tuir-se aos cidadãos, aos grupos e às forças organizadas da sociedade civil na orientação da vida política.

“Não há democracia represen­tativa em monolitismo político ou ideológico”, elucidou alertando que “Só há democracia represen­tativa quando há reconhecimento da pluralidade de ideologias, crenças, opiniões e de formações sociais, económicas e político-par­tidárias” .

Participação e cidadania. As práticas de participação e cidadania têm contribuído de forma sig­nificativa no processo de democratização do país, bem como na gestão pública, identificando al­ternativas para a reforma do Esta­do e da redefinição das relações com a sociedade. Esta afirmação é do representante do Programa de Luta contra Pobreza Urbana (Lupp), Willy Piasa, que dissertou sob o tema “Experiências de De­mocracia Participativa em Ango­la”, durante a quarta semana social nacional.

A dinâmica política e social em curso no país exige uma gestão descentralizada, mais participati­va, criativa e flexível, incluindo o acesso à informação, diálogo e transparência na tomada de deci­sões.

Num contexto de reformas po­líticas e administrativas, o orador salientou que é importante que as estruturas administrativas sejam capazes de providenciar serviços, bem como o potencial para o de­senvolvimento, aumentando o diá­logo entre as estruturas estatais e a sociedade civil.

O Lupp é uma parceria entre a Care Internacional, Development Workshop, Save the Children UK e a One World Vision que trabalham em colaboração com o Governo.

 

Encontro promovido pelo Centro Cultural Mosaiko, durante o qual participaram vários especialistas, exortou à procura de caminhos para combater a pobreza

A semana Social Nacional, uma realização da Igreja Católica angolana en­cerra este sábado a sua quarta edição. Organi­zadas pelo Centro Cultural Mosaico, as semanas reflectem os problemas do pais na perspectiva social, sendo que o tema central da presente edição é “De­mocracia e Participação”.

A escolha do tema, “Democracia e Participação”, vem dar resposta à manifestada preocupação da Con­ferencia Episcopal de Angola e São Tomé, no sentido despertar e apelar a todos os cidadãos a participarem de forma activa e consciente, na cons­trução de uma sociedade democráti­ca de direito.

Nas vestes de presidente da Comis­são Episcopal de Justiça e Paz, o bispo de Caxito, Dom António Jaca, no seu discurso de abertura, partiu do actual contexto de paz em Angola para ape­lar a que se encontrem os melhores caminhos para o s desenvolvimen­to sócio económico do país, lutando contra a miséria e a pobreza, o cancro da corrupção, delapidação do erário público, contra a impunidade, vio­lência e outros males que enfermam a sociedade.

Na menção que fez à carta pasto­ral dos Bispos da África Austral (sigla inglesa IMBISA), Dom António Jaka, lembra que a igreja deve exercer o pa­pel de consciência da sociedade para que sejam os princípios verdadeiros e valores genuínos, justiça, liberdade, direitos humanos a orientar os parti­dos e os programas dos governos.

A liderança da Igreja Católica au­gura que a IV semana social Nacio­nal, venha elucidar e ajudar a todos os cidadãos a tomarem consciência. da sua responsabilidade na gestão da republica (do latim coisa pública) “, não deixando em mãos alheias o seu próprio destino.

No entendimento da igreja, a par­ticipação dos cidadãos em todos os sectores da vida pública, vida socio- política, cultural e desportiva, ajuda­rá o país a enveredar para os melhores caminhos da justiça social, recon­ciliação nacional e da paz, procura do multipartidarismo efectivo, com­ respeito pela alternância no exercício do poder político através de eleições livres e justas “que estão difíceis de aceitar na África de hoje”.
 
Aquilo que é de todos deve ser tratado por todos»  Na sua intervenção, o Presidente da Conferencia Episcopal de Angola e São Tomé e Príncipe, Dom Gabriel Mbilingue, destaca o conceito de de­mocracia representativa para lembrar que deve ser reconhecido ao cidadão o s direito inerente e inalienável de continuadamente exercer o seu poder.

A envolvência dos cidadãos, de forma singular, bem como colectiva – c mente, em todos os assuntos, espaços
de análise a construção do ponto de a vista social, político, cultural e económico, foram algumas das formas  apontadas pelo prelado católico para se atingir este desiderato.
 
“Como cidadão, o indivíduo tem ( parte na nação, por isso deve poder t falar, criticar, sugerir, enfim expres­sar-se. Mas também ser ouvido, atendido, consultado, enfim poder identificar nas decisões públicas o resultado das suas opiniões” disse Dom Gabriel Mbilingue.
 
A efectivação da participação de­mocrática dos cidadãos não é, pois, somente o caminho para a paz e a harmonia social, mas é a mesma paz e harmonia social. Com esta razão São Cipriano, dizia, citado por D. Mbilingue: “Aquilo que diz respeito a todos deve ser tratado por todos”.
 
Corporativismo é risco para democracia participativa  Os problemas de uma comunidade devem ser resolvidos localmente por todos os membros da comunidade, não deve ser um poder próprio de alguém à margem da comunidade. Esta foi a nota dominante da concor­rida apresentação do constituciona­lista português, Jorge Miranda, que apresentou o tema de abertura da IV Semana Social Nacional.


Recorrendo ao passado constitu­cionalista português, na magna aula de sapiência, com uma grande pla­teia, disse que em todas as épocas históricas sempre houve democracia, simplesmente houve épocas comple­xas, devido a vários factores que le­varam a séculos sem democracia até a chegada da fase actual, mais repre­sentativa e adequada à garantia e à promoção dos direitos fundamentais do homem.
 
A ideia básica da democracia re­presentativa assenta em princípios como liberdade, pluralismo, sufrágio universal com alternância da responsabilidade política dos governantes. Dela, igualmente, emana a ideia que “o governante nunca governa por ideia própria mais como delegado da comunidade” .
 
Na sua abordagem histórica sobre a democracia, Jorge Miranda dis­se que a democracia participativa é um complemento que se afirma de enorme importância em relação aos direitos sociais que devem ser con­cretizados não só pelo Estado, como também por outros interessados.

À medida que as pessoas resol­verem os seus problemas, estas vão educando, aprendendo a participar, ter consciência dos direitos e deve­res como pessoas e membros de uma comunidade.
 
O constitucionalista aponta que o grande risco da democracia parti­cipa deriva do facto dela poder estar ao serviço de grupos determinados, em várias situações concretas. Por exemplo, “há o caso de os agriculto­res organizarem -se para enfrentarem os seus problemas. De a comunidade local fazer uma creche ou escola.
 
Na verdade tem que ter em conta que na democracia participativa es­tão em causa interesses específicos, razão pela qual somente a democra­cia representativa é capaz de dar a ponderação do interesse geral”.
 
Pelos pressupostos avançados aci­ma, Jorge Miranda considera que “a democracia participativa nun­ca substitui a representativa, mas a complementa” .
Na interacção que manteve com a plateia, em resposta às perguntas colocadas sobre o papel dos órgãos de comunicação social, este disse que: “na verdade, este não é o quarto poder, porém, o papel formativo que assume é importante para contri­buição da cidadania”.
 
“No exercício da sua função o jor­nalista deve ser verdadeiro”, consi­derou o professor, apelando que os 5 jornalistas não devem contribuir para exaltar a violência, e formas de sub­versão de estruturaras fundamentais s da sociedade, pelo contrário, “devem denunciar com objectividade e com sentido de verdade”.
 

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