O Banco Nacional de Angola prevê o crescimento do Produto Interno Bruto do nosso país nos próximos tempos o Produto Interno Bruto deve “dilatar” em cerca de quatro por cento nos próximos tempos, numa altura em que se perspectiva progressos significativos do sector não petrolífero, cujo crescimento deve situar-se em torno de 5,7 por cento, num contexto macroeconómico em que a economia angolana não se dissociou da mundial.
A previsão é do governador do Banco Nacional de Angola, José Massano, que ao discursar, na terça-feira em Luanda, na tradicional cerimónia de cumprimentos de fim de ano, destacou como pontos altos da economia angolana o apuramento do risco soberano que mereceu avaliação positiva das principais instituições de análise de risco.
Outro ponto alto, disse, residiu no facto de o FMI ter aprovado o desembolso da segunda e terceira tranche do financiamento ao abrigo do Acordo celebrado pelas autoridades angolanas e a instituição.
Em relação à economia mundial, José Massano reconheceu que, de modo geral, deu sinais de recuperação, sendo expectável que a taxa de crescimento se situe ao redor dos 4,8 por cento.
Na ocasião, lembrou que o BNA, enquanto entidade responsável pela preservação do valor da moeda, tem acompanhado a evolução do mercado monetário e cambial, particularmente nos momentos em que o aumento da Iiquidez na economia pode estimular uma maior instabilidade de preços.
O governador do Banco Nacional de Angola lembrou ainda, que face à volatilidade da taxa de câmbio e os efeitos que exercem sobre as expectativas dos agentes económicos e sobre a estrutura de custos à economia, o BNAesforçou-se em prover o mercado de recursos suficientes para assegurar a oportuna cobertura e manutenção do ciclo normal de importação de bens e serviços.
Para tal, o BNA disponibilizou à economia, via sistema bancário, cerca de 11,7 mil milhões de dólares, a uma taxa de câmbio média de referência ao redor dos 92,2 kwanzas por dólar americano.
Relativamente às reservas internacionais líquidas do país em comparação com as do ano anterior, o governador disse terem crescido em aproximadamente 27 por cento, situando-se em cerca de 15,8 mil milhões de dólares.
No domínio monetário, os meios de pagamento, até finais do terceiro trimestre, sofreram uma contracção, inflectindo apenas nos meses de N 0vembro e Dezembro, reflexo do impacto da crise sobre a economia angolana e do controle da evolução dos efeitos combinados de política orçamental e monetária sobre o comportamento da inflação.
N o que respeita à captação de depósitos, até finais de Novembro a taxa de crescimento no ano era de sete por cento, numa altura em que a banca conseguiu manter-se estável com um rácio médio de solvabilidade de 16,8 por cento, mantendo também a continuidade dos programas de expansão da rede bancária. Até agora, o sistema conta com 875 balcões e a taxa de bancarização ronda os 11 por cento da população.
Coordenação
O sistema financeiro é instrumental para a sustentação de programas de desenvolvimento económico e social e a crise deixou referências importantes para o processo de desenvolvimento de Angola, disse José Massano, que entende que a sustentabilidade das economias passa pela construção de um sistema financeiro sólido, eficazmente regulado e socialmente responsável.
Este factor, prosseguiu, é capaz de incentivar a poupança e a afectação de recursos para a promoção de capacidades internas de produção e consequente defesa de postos de trabalho.
Desafios
Para suster os preços na economia, não basta adoptar políticas monetárias restritivas ou disponibilizar recursos cambiais em larga escala. E crucial, disse, que se mantenha uma permanente coordenação entre política fiscal, orçamental e monetária para que se alcance e se mantenha a estabilidade nos mercados.
Realçou ser determinante o controle da inflação para que se garanta a confiança dos aforradores e investidores, já que uma medida do género assegura também a preservação da moeda e permite a protecção da economia contra choques externos.
Entre os inúmeros desafios do BNA consta a necessidade de assegurar o ritmo de crescimento da economia com estabilidade macroeconómica, conforme determina o Plano Nacional para 20 11.
Uma série de iniciativas normativas e monetárias tomadas no último trimestre pelo BNA e que vão no sentido de alinhamento do Banco aos objectivos de desenvolvimento económico traçados pelo Executivo para 2011, realça a redução da taxa de redesconto, a introdução de facilidades permanentes de liquidez.
A redução progressiva da exposição cambial permitida nos bancos comerciais, a regulamentação das casas de câmbio e a aprovação pelo Conselho de Ministros da regulamentação das sociedades financeiras não bancárias de micro-crédito e cooperativas de crédito, fazem parte do conjunto de iniciativas tomadas pelo BNA para 20 11.
Para o novo exercício económico a meta de inflação está fixada em 12 por cento, um desafio que exige o esforço de todos os agentes económicos, num momento em que o BNA pretende uma política monetária rigorosa, mantendo controlados os factores de expansão monetária em coordenação com o Ministério das Finanças.
Numa cerimónia que contou com a presença de administradores do BNA e de bancos comerciais, José Massano disse que a intervenção no mercado cambial deve atender as necessidades legítimas de procura de divisas pela economia, devendo assegurar também o crescimento e preservação das mesmas com o mesmo sentido de defesa de solvabilidade externa da economia nacional.
“O BNA vai promover a revisão dos instrutivos de política cambial, facilitando a sua interpretação pelos agentes económicos e aprimorando os mecanismos de controle pela autoridade cambial”, prometeu.
O próximo ano revela-se como um ano de muitos desafios para o BNA. Entre eles, está o reforço da defesa dos consumidores de serviços financeiros com a institucionalização de uma unidade vocacionada à aceitação, registo e acompanhamento de reclamações, num ano que se prevê exigente e intenso.
“Contamos com a colaboração de todos para dar sustentabilidade à economia nacional, o que significa manter um sistema financeiro sólido e eficiente e competitivo”, referiu José Lima Massano. Outro desafio, disse, tem a ver com a supervisão bancária, um dado que incide na contínua modernização dos serviços de fiscalização preventiva não presencial e acompanhamento da implementação de normas de boa govemaçâopelos agentes financeiros licenciados pelo Banco Central.
A institucionalização da Unidade de Informação Financeira, órgão do BNA vocacionado para análise, prevenção e detecção de tentativas de utilização do sistema financeiro para actos de branqueamento de capitais e financiamento ao terrorismo, consta também das acções prioritárias do BNA. A Unidade entra em funcionamento no primeiro trimestre de 2011.
Para a solidez do sistema financeiro, o governador aponta a implementação do programa de consolidação da banca angolana, que passa pelo reforço da estrutura de capitais dos bancos e a adopção de critérios de prudência em harmonia com as melhores práticas internacionais, como favorável a isso.