Ao longo do tempo tem sido preocupação das sociedades o êxodo rural, fazendo com que o campo ressinta do seu abandono e se ponha em causa a própria produção agrícola.
Na realidade, a fuga dos camponeses para as cidades tem sido um quebra-cabeças para as autoridades que se vêm a braços com a saída maciça de homens do campo para grandes aglomerados citadinos.
No entanto, se se encarar com seriedade esta questão razão de ser, dadas às assimetrias entre a cidade e campo, uma vez que neste último falta energia eléctrica, lojas comerciais, a potável e outras benesses das grandes cidades como lazer e entretenimento, ou seja, televisão, rádio e outros meios de comunicação.
Mas o perigo do êxodo rural reside mais no facto que, nas grandes cidades, os preços das habitações são caros e longe do alcance dos camponeses.: Neste caso, a única chance é erguer uma cubata de lata ou de papelões para residir, sem as mínimas condições de habitabilidade.
Na cidade, sem qualquer conhecimento para um bom emprego, o trabalhador rural tem como saída a venda de bens manufacturados pelas ruas, lavar carros e exercer pequenos serviços cujo lucro é irrisório.
Mas a pior perspectiva è ver o campo desprovido de braços para a lavoura, já que as grandes cidades dependem do campo para sobreviver.
Nesta ordem de ideias, a solução seria o incentivo ao campesinato, criando condições para se evitar o êxodo, como instalar a energia eléctrica, criar e impulsionar o comércio rural e também proporcionar aos agricultores meios para diversão e lazer.
A não ser assim, as cidades encher-se-ão de gente do campo que prefere habitar de forma indigente do que permanecer nas suas localidades fazendo o que sabe fazer: trabalhar a terra e extrair daí o seu sustento e para as comunidades.
Se a nível de África o êxodo rural é uma constante pelo fraco apoio ao campo, o mesmo acontece em muitos países do Mundo onde conflitos armados empurraram para as cidades milhares de camponeses desprovidos de tudo e que tentaram sobreviver através de diversas artimanhas.
E é sabido que quem abandona o campo jamais retoma a ele, dado que nas cidades tudo ofusca, a iluminação nocturna, o movimento frenético dos automóveis e do tráfego e a disponibilidade de acesso a supermercados, lojas diversas, recintos de futebol, etc.
É este lado que atrai milhares de camponeses que, em comparação, descobrem que o campo está desprovido de tudo pelo que a decisão é ficar, pois, nas cidades é mais fácil fazer dinheiro por “dá cá aquela palha”, ou seja, por qualquer serviço, o mais reles possível.
Em Angola, onde também grassou o conflito armado de quase trinta anos, o êxodo rural é notável, podendo-se verificar que as grandes cidades do país absorveram milhares de agricultores fugidos dos campos de cultivo, por terem sido minados, destruídas as lavouras, enfim tudo foi arrasado.
O reflexo já se faz sentir a turba de agricultores jovens assentou arraiais nas cidades onde passou a exercer actividades diferentes do seu conhecimento, quer dizer, a pelas ruas vendendo quinquilharias, electrodomésticos tudo o que pode e seguir para sobreviver.
E todos os camponeses estão conscientes a voltar ao campo está fora de hipótese, preferindo pulular pelas cidades que retomar à escuridão da noite, ao silêncio sempitemo e à carência de do que é bom nas grandes cidades.
Embora seja problemático esse quadro, é possível reverter a situação fazendo do campo um lugar também bom para se viver, desde que se acabem com as assimetrias, criando-se infra-estruturas socio-económicas e desportivas, fornecendo eléctrica e outras facilidades.
Desse modo, o grosso de jovens que “invadiram” as cidades hão reconhecer que, afinal quer o campo, que cidade, têm as mesmas condições de vida, pelo que ficar onde há muito barulho pode ser mais nefasto do que um silêncio gostoso de quem sabe que é da agricultura que vive o citadino.