A presença de um grupo mulheres angolanas em São Paulo, que partilham de trajetórias migratórias entre Angola e República Democrática do Congo (RDC) no período da Guerra de Independência de Angola (1961-1974) e da Guerra Civil Angolana (1975-2002), foi o ponto de partida para a retomada de suas trajetórias educacionais e familiares. Suas experiências no Brasil como migrantes e solicitantes
de refúgio são entrelaçadas com as trajetórias migratórias das gerações anteriores, que também vivenciaram situações análogas ao refúgio e tiverem suas vidas marcadas por deslocamentos. O conjunto de seus relatos, colhidos através de pesquisa etnográfica, evidenciam não apenas a permanência de dinâmicas educacionais coloniais e disparidades de gênero no acesso à escola. Apontam também os impactos da mobilidade humana no acesso à educação e inserção
profissional, que engendram tanto a sua exclusão linguística quanto o não reconhecimento de suas habilidades e certificações profissionais, situação que reforça a sua posição como migrantes/refugiadas africanas no mercado de trabalho brasileiro.