Acusações de feitiçaria a crianças e adolescentes têm emergido recentemente
em diversas partes da África, especialmente na República Democrática do Congo
(RDC)2 . Em Angola, este fenômeno tem sido verificado particularmente entre
o grupo étnico Bakongo, tornando-se uma preocupação do governo na última
década, com centenas de casos reportados, principalmente nas províncias no
norte do país, Uíge e Zaire, bem como nos bairros da capital, Luanda, nos quais
a população residente é de origem Bakongo3. Meu objetivo inicial será o de determinar alguns dos fatores que contribuem para a emergência do fenômeno. De Boeck (2000; 2004; 2005; 2007), discutindo o mesmo fenômeno no Congo, ressalta a alteração da balança de poder entre gerações a partir da participação de crianças na economia informal e na exploração de diamantes na região da Lunda como fatores importantes para a emergência das acusações. Em Angola verifica-se também a participação de crianças na economia informal, principalmente em Luanda.