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Mercado informal

Desordem na fiscalização de Luanda

Os fiscais do gover­no provincial de Luanda (Gpl) perde­ram o norte, preocu­pando-se mais com os negócios das ven­dedoras ambulantes do que com o ofício.

Ser vendedor ambulante ou exercer qualquer outra acti­vidade em Luanda nunca foi tão fácil, pois diariamente sen­tem-se os “grito de socorro” ou o “Deus me acuda” de pessoas que exercem pequenas actividades lu­crativas, como construção, venda ambulante, serviço de táxis a se­rem encurralados pelos agentes da fiscalização.

A responsabilidade, o respeito pela Lei e o trabalho árduo se­riam algumas das principais ca­racterísticas que, segundo uma fonte ouvida pelo AGORA deve­ria conduzir esta importante acti­vidade laboral. No entanto, avultam queixas contra os fiscais e sobre os produtos que apreen­dem na via pública e cujo destino se desconhece.

“Há denúncias dos citadinos sobre a violação de vários direi­tos fundamentais e ainda não vi­mos qualquer julgamento, o que leva a entender que o cenário é de desordem”, desabafou Sérgio Paulo, sublinhando que a principal confusão nos mercados infor­mais e vias públicas ou paragens de táxi, tem a mão “corrupta” destes agentes, por mais contra­ditório que pareça.

Os fiscais parecem desorienta­dos na sua acção, estando nos úl­timo tempos mais preocupados com os vendedores ambulantes do que qualquer outra actividade que carece de fiscalização.

“A confusão é preocupante e o mais curioso é que no país exis­tem varias áreas de actuação, mas mesmo assim, continuam atormentar as pessoas que lutam pela sobrevivência”, disse Maria, vendedora do Zé Pirão.

Por sua vez, Conceição da Sil­va, vendedora ambulante há mais de quatro anos, C0ntou que vive o corre-corre diariamente e o que mais aborrece é a maneira como são apreendidos as merca­dorias ou produtos.

“Por vezes alvejam pessoas inocentes. Nunca são punidos conforme manda, a Lei”, recor­dou Antónia Pedro, amiga de uma jovem recentemente alveja­da por um agente policial.

Muitos deles para conseguirem aproveitar-se destes bens não uti­lizam os uniformes, sendo con­fundidos com os delinquentes.

“A ausência de ética e deon­tologia profissional dificulta o bom relacionamento entre am­bas as partes. Trabalhar com o público não é uma tarefa fácil”, explicou Ermelinda da Costa, sublinhando que esta situação tem causado grandes constran­gimentos na resolução de vários problemas, para além de acorrer, à fiscalização para reivindicar alguma coisa é uma perca de tempo.

Para diminuir o crónico quadro actual o executivo provincial de­veria ser muito mais organizado, selectivo no recrutamento do pes­soal e oferecer condições laborais atraentes, desde um salário com­patível que, ao menos, frene a corrupção.

Uma fonte ligada à fiscalização garantiu-nos que os produtos re­colhidos servem para doar ao lar do Beiral e demais organizações carentes.

A criação de uma instituição autónoma para controlar os fis­cais e, ao mesmo tempo, receber as denúncias poderia ajudar na sua especialização e formação.

Sambizanga  A repartição de fiscalização da administração do Sambizanga, em Luanda, iniciou esta semana uma cam­panha de sensibilização aos vendedores ambulantes para deixarem de vender na via pú­blica.

De acordo com o chefe da fis­calização, os vendedores ambu­lantes devem se dirigir às administrações dos mercados dos seus bairros/ para obterem lugares para a prática legal da actividade.

Bruno João Miguel lamentou a teimosia dos vendedores que têm provocado amontoados de lixo e complicado a circulação rodoviária em várias artérias do município, desaconselhando os moradores a comprar produtos quer sejam alimentícios ou não pois não garantem qualidade desejada nem permitem a recla­mação em caso de inaptos para consumo.

Para desencorajar os vende­dores/ a fiscalização tem reco­lhido de forma compulsiva os produtos, canalizando-os para instituições de caridade.

Logística militar abastece mercado paralelo

AS IMEDIAÇÕES DA BASE CEN­TRAL da Logística das Forças Armadas Angolanas (FAA), estão transformadas num verdadeiro mercado informal, denunciou ao Novo Jornal uma fonte do Minis­tério da Defesa Nacional.

Segundo a mesma fonte, hoje é comum encontrar no mercado negro quantidades significativos de bens destinados aos militares saqueados na referida base.

“Logísticos saqueiam viveres nos armazéns da BCA em plena luz do dia, vendendo às senhoras e ninguém os incómoda”, acres­centou.

Defronte à BCA, prossegue a fon­te, “existe uma rede de senho­ras em colaboração com alguns responsáveis dos armazéns que conseguem desviar diariamente perto de meia tonelada de pro­dutos diversos”.

“Os seus autores nunca foram responsabilizados. A Inspecção Geral das FAA não consegue to­mar medidas para conter essa “praga” que prejudica as unida­des militares”, adiantou a fonte. Por outro lado, o Estado-maior General das Forças Armadas An­golanas (FAA) defende o aumento da produção de hortícolas nas unidades e subunidades, com vista a melhorar a dieta alimen­tar das tropas.

De acordo com a fonte, nível da direcção da logística não existe uma planificação eficiente, o que tem provocado a rotura nos stocks.

“A dieta alimentar nas unidades está péssima. Muitas carecem de quase de tudo”, revelou a fonte, considerando ser pertinente a melhoria do abastecimento téc­nico às unidades, bem como a formação e reciclagem dos espe­cialistas do ramo.

Para a mesma fonte, os especia­listas da logística devem prosse­guir com determinação, discipli­na e organização o desempenho das tarefas a si cometidas.

A nível dos três ramos das F AA, os problemas alimentares agravaram-se mais no Exército, aque­le que detém maior número de efectivos e material militar.

Este ramo terrestre, para além das principais direcções de ar­mas, serviços e repartições inde­pendentes que compõem o seu Estado-Maior, está geografica­mente implantado em todas as zonas do país, através das regi­ões militares Norte, Centro, Leste e Sul.

Número de cantinas ilegais cresce em Luanda

O número de cantinas em Luanda cresce assustadoramente nalguns municípios como Cazenga e Sambizanga. Em cada 20 metros há pelo menos uma cantina. Cidadãos do Oeste africano. Mali, Senegal, Guiné Equatorial e Mauritânia lideram a lista dos  proprietários  destes estabelecimentos comerciais.

Numa ronda efectua­da pelo Angolense esta semana cons­tatou-se que muitas destas estão ilegais, restando por se saber qual é a condição migratória em que se encon­tram os seus proprietários.

O negócio começou no princípio dos anos 90 quan­do o país se abriu à livre empresa. Nesta década, comerciantes chegados do estrangeiro lançaram-se na instalação de armazéns, sobretudo nos bairros Hoji ya Henda, Kicolo e Mártires do Kifangondo, em Luanda.. Num ápice e sobre o olhar passivo da fiscalização do Ministério do comércio, os armazéns foram se estenden­do por todos os Cantos.

No ano passado, por exemplo, o administrador municipal do Cazenga, Tany Narciso, chegou a afirmar que naquele município, só na comuna do Tala Hady, por mês nascem mais de 20 armazéns ilegais. A situação piorou com a medida do Governo que transferiu os armazéns que e encon­travam no centro da cidade para o km 30 em Viana e mais tarde com o encerra­mento do mercado Roque Santeiro.

Senegalês, malianos e  mauritanianos oriundos do Oeste de África viraram as suas “baterias” para os bair­ros periféricos com  a colabo­ração dos nacionais que arrendam as suas residências para fins comerciais. Peque­nas coisas como ovo, bolacha, rebuçado e vela são comer­cializados por estrangeiros.

A par dos “irmãos” dos Oeste de África, os chineses também entraram em cena, estes últimos até vendem na “zunga” onde podem ser vis­tos a vender calçados, medi­camentos e outros produtos.

Durante a nossa repor­tagem saltou-nos à vista o facto da maioria das cantinas não empregarem cidadãos nacionais. As poucas que em­pregam contam-se aos dedos, tanto os proprietários quanto os empregados são oriundos dos países do Oeste de África.

Um exemplo disso é o caso de Ibrahim, que está no país há mais de cinco anos. Segundo contou à nossa reportagem, inicialmente, montou uma cantina no bairro Petrangol. Hoje já é proprietário de três cantinas e ” patrão” de três compatriotas seus mauritani­anos.

Mohamed é outro jovem que também já possui duas cantinas. Na conversa com este jornal disse que deixou o seu país, a Guiné Conacry, há três anos, devido a instabili­dade política, ” aqui comecei a vender na loja do meu tio e hoje tenho duas lojas”, con­tou.

Mais adiante, argumen­tou que eles não estão a tirar o lugar dos angolanos porque defende que o mercado é aberto, porém acha que “os angolanos são preguiçosos, não gostam de vender”.

Para além do aspecto da mão-de-obra, que a par dos donos é estrangeira, a nossa reportagem constatou a falta de letreiro de identificação das mesmas e em muitos casos até de Alvará para o exercício da actividade com­ercial. No entanto, se a proliferação das cantinas de cidadãos estrangeiros nos bairros vem de alguma forma resolver o problema do acesso fácil aos bens de primeira necessidade, por outro lado é uma situação já começa a preocupar a sociedade. Al­guns cidadãos nacionais ouvi­dos ao longo da nossa repor­tagem suspeitam que por detrás das cantinas passam outros negócios menos claros.

” É difícil compreender que estes senegaleses saem dos seus países só para vir abrir cantinas em Angola e em pouco tempo já têm duas ou três. É preciso que a fiscal­ização faça uma investigação porque algumas podem estarem envolvidas em bran­queamento de capitais e lavagem de dinheiro” afir­mou Pedro Domingos, mora­dor do Hoji ya henda.

Para Baptista Coxe estes cidadãos estrangeiros que procuram melhorar as suas vidas no nosso país deviam estar devidamente legaliza­dos. O nosso interlocutor desconfia que eles usam um único Alvará para diferentes estabelecimentos comerciais e acrescenta ainda que não entende como é que nos casos em que ao lado desses há negócios de angolanos os clientes preferem comprar aos senegaleses, é preciso investi­gar bem isso” rematou.

Importa sublinhar que o Ministro do Interior, num dos seus pronunciamentos, em finais do ano passado, se manifestou igualmente pre­ocupado com a proliferação de pequenas lojas de cidadãos estrangeiros nos bairros. Sebastião Martins referia que pequenos negócios como das cantinas devia ser reservado para os cidadãos nacionais, tendo aventado a hipótese de se tomar medidas para se es­tancar os proprietários das cantinas que se encontram em situação ilegal. Sobre o assunto, esta terça-feira, 25, contactamos o Director Pro­vincial do Comércio de Luanda, Guilhermino Paulo, mas este prometeu pronun­ciar-se apenas na próxima semana, por alegada ocu­pação nas actividades come­morativas do dia da cidade de Luanda.

Lei das actividades comerciais não é respeitada

A lei das actividades comerciais -lei nº 1/07 de 14 de Maio refere que os agentes com­erciais no exercício das suas actividades devem priorizar a mão-de-obra nacional. Refere ainda a lei que estes estabelecimentos devem exibir de forma clara e precisa a documentação de licenciamento da actividade comercial, assim como a afixação de letreiro ou reclames visuais à entrada, com a indicação do tipo de actividade que exerce. Entretanto o Angolense apurou que estes preceitos legais não são observados.

 

Lixo toma conta do mercado dos correios

Os vendedores do mercado dos Correios, situado no Kilamba Kiaxi estão insatisfeitos com a direcção, que até ao momento não consegue criar condições de saneamento básico no espaço.

Lixo, falta de escoamento das águas pútridas constituem o cartão de visita. A desorganização é de tal ordem que as sucatas de geradores são transformadas em bancadas. Onde vamos parar?

O fiscal e a zungueira Joaquinita

Quando anunciaram o encerramento do Ro­que Santeiro, a malta do Rangel pensou logo na sua reconversão, com arrua­mentos lancilados, água potável e electricidade, parques de estacio­namento subterrâneos, bancadas de pedra de calcário e candeei­ros de iluminação nocturna para o povo comprar também as noites, zona verde e balneários moder­nos. O Tipirico, um dos mais in­teligentes do bairro, a pensar até nos elevadores, tapetes rolantes no Roque e armazéns de catego­ria com câmaras frigoríficas de conservação de frescos, WCs com azulejo, parques de estaciona­mento, tudo isto feito com bónus do petróleo em parceria entre as zungueiras e as verbas do GPL.

Só que lhes saiu!

 

As supostas «donas» do merca­do, que inventaram o mercado, e até lhe deram o nome oficial, fo­ram despachadas para além fron­teiras! E eis então que surgiu um novo tipo de zungueiras de rua, as que não aceitaram o exílio do Panguila, nem do km 35 fora de Luanda, que vestem bem, vaido­sas e mandam matacu de invejar, rosto de beleza africana genuína.

São o novo furor da cidade, mas na maioria são solteiras esfomea­das porque os maridos que eram xulos por causa dos lucros do Roque a explorarem as esposas sem vergonha, logo que se aper­ceberam que o mercado acabou, partiram para outra, deixando suas respectivas esposas soltas, milhares delas. Elas agora andam por aí, completamente solteiradas pela má sorte que a Xica dos San­tos lhes deixou enviando-as para longe da população e sem acessos, muitas a procura de marido, feitas zungueira de novo tipo.

Ontem, eram 6 da tarde, num dia de pouco sol, Joaquinita zun­gueira teve um sonho realizado. O Kota Maneco, um fiscal dife­rente, escalado nesse dia, subiu para a carroçaria do Jeep e par­tiu para a missão de perseguição às zungueiras. E o Kota Maneco, quem lhe visse naquele dia, es­tava bonito, charmoso. A farda ficava-lhe bem; os óculos eram castanho-escuro e quase novos, portanto, ainda com o brilho de fábrica.

O Jeep dobrou a esquina do beco do Zé Burro, contornou o triângulo do Rangel e seguiu em frente até bem próximo do lugar da operação de caça e busca. To­dos desceram em passo lento, em surdina, até que foram dar bem perto das zungueiras. Foram to­das surpreendidas de trás. Com­pletamente distraídas. Boa caça­da! Murmurou o Kota Maneco. Boa caçada! É hoje o meu dia!

Fala-se em rendimentos extras, de que os fiscais beneficiam com operações como esta. A recolha é enorme e diversificada: pentes de plástico, maçãs, rolos de cabe­lo, mandiocas, caixas de alfinetes, roupa de fardo, lapiseiras da Chi­na, chinelos do Brasil etc. Tudo.

 É extraordinário ver o volume de bens e produtos duma recolha dos nossos fiscais. Kota Maneco nem queria crer. Só ele, sozinho, reco­lheu da primeira zungueira caixas de alfinetes e vários enroladinhos de elástico branco vietnamita. O fogareiro com os pertences, ainda com brasas acesas sob o bombó, banana e toda a ginguba levou um pontapé. A mulher, de mais de 60 anos apenas deu mixoxo no Maneco, xingou em kimbundu e recolheu do chão apenas algumas notas de kwanzas que se espalharam. Foi atacar uma segunda (o número de mulheres caçadas de­pende muito da pulungunza do caçador e da agilidade nas curvas estonteantes que as zungueiras aplicam aos apanhadores, em ple­na corrida de meia distância) e o Kota desconsegiu Correu então para a terceira, e foi aí que tudo começou!

Quando o Kota Maneco en­trou em corrida de fundo com a terceira zungueira, estava muito longe de saber que aquela era a Joaquinita que vendia no Roque, agora solteirona militante. Uma rapariga dos seus 40 anos, bonita, usa peruca brasileira de cabelos castanhos, de corpo invejável. Ela tem a pele clara e olhos de retina clara (esta membrana interna do globo ocular onde se formam as imagens que vemos e que raríssi­mas vezes se encontra nos olhos de uma negra em cor clara), e a Joaquinita no seu andar, mesmo com a grande sacola dos produtos da zunga, ao caminhar se lhe no­tam os seios mexendo e a gingar que chega. Não usa canudo eléc­trico e faz as vendas com toques mágicos de convencer o cliente, exibindo os sacos de castanha de cajú e paracuca de ginguba. A sua cintura ainda tem as medidas de uma verdadeira miss Angola, de rabo empenado marcando a cur­vatura que enlouquece os homens, uns seios quase novinhos em fo­lha e arrendodados até marcar a diferença, lábios perfeitos. Esta é uma das poucas zungueiras qua­rentonas que podia concorrer com muitas destas jovens feitas beldades e que aparecem na re­vista da caras a mandarem bocas exibicionistas.

Kota Maneco ainda não lhe ha­via descoberto a beleza quando iniciou a berrida atrás da moça que vestia uma roupa incomum, de saia ajustada e blusa bem de­cotada no peito, mas coberta de panos, via-se logo que não era zungueira tradicional.

Ela usa um fio de ouro e brin­cos de argolas de bom diâmetro. Não se parece a zungueira; pare­ce-se a uma santa. E era ela, a que lhe calhou pelo caminho na per­seguição: a Joaquinita!

A corrida que ele empreendeu antes, foi de trás para a frente; ou seja, ele atrás dela e ela correndo a frente. Só quando se cruzaram cara a cara, ele se apercebeu que diante de si estava exactamente a linda mulher. Aquela raparigona de saia no interior mas de panos amarrados, agora de respiração muito ofegante pela corrida ex­traordinária que empreendera para se livrar do fiscal, ela, quase sem fôlego, e ele, completamente rebentado pela berrida, encon­traram-se por fim.

O fiscal zeloso agarrou-a nas mãos e fixou-lhe sem querer um olhar na profun­deza dos seus olhos. Só que lhe saiu também! Viu não uma zun­gueira mas mamas! Mamas a mexer com fio de ouro rodando o lindo pescoço, mamas tilintando ainda pela respiração comprimi­da da corrida entre os soutiens vermelhos que se agarravam ago­ra apenas por um fio.

Os cabelos da zungueira meio soltos, os seus dedos quentes e amáveis, e o fiscal agarrando-a com alguma força para dele não se soltar. Um dos panos da Joaquinita havia caído no percurso e um dos chinelos se havia soltado do pé. Estava meia nua, naquela condição com qua­se metade das vestes. A blusa da zungueira havia penetrado ape­nas dum lado do pano e via-se perfeitamente parte da sua trans­pirante e bonita barriguinha.

O Kota apertou ainda mais as mãos da Joaquinita, recolheu-a mais para próximo de si e falou-lhe bai­xinho qualquer coisa que ela não entendeu. Perante Deus, estavam ali uma zungueira e o Kota, feito fiscal, sortudo duma figa, num espaço cercado pelas aduelas dos quintais daquele beco, já a noite ameaçando chegar. Juro-vos que aconteceu. Sem nenhum tran­seunte por perto e de mãos agar­radas. Só os dois: a Zungueiras e o fiscal. Já era um pouco tarde, o sol a pôr-se de longe e no beco onde a apanhou, não estava viva alma! Juro-vos que aconteceu!

Ainda as respirações estavam aceleradas, os corpos quentes e trémulos, agarrados. Ela então começou a suplicar. Abriu a pas­ta e tinha: 9 sacos de castanha de cajú, 5 sacos de paracuca, alguns pertences pessoais e rolos de ca­belo. Era a mercadoria toda. Com lucros calculados em cerca de 600 Kz/dia. M

as não era a mercado­ria agora que interessava mais ao Kota. Que zungueira é esta nos meus braços? Nem acreditou. O momento era de grande excitação e emoção. Ela com os seus haveres na sacola que agarrou sem largar, e o fiscal, sempre agarrado a ela com toda a força do mundo, apro­ximou mais o peito, o rosto e mais uma vez balbuciou carinhosas palavras, contrárias ao ritual, que consiste em amordaçar a vítima agredindo-a em caso de resistên­cia, e até há fiscais que treinaram baçulas especiais para zunguei­ras, até lhes colocarem em posi­ção de KO. O kota não lhe agiu. Pelo contrário, ficou estupefacto!

Contudo, ao reparar na atitu­de amável e simpática do fiscal, a mulher, desconfiada, lhe deu uma olhada daquelas! Ele vibrou, sorriu com olhar de malandro e a abraçou finalmente.

Olhou para os lados, ninguém! Encheu-se então de toda a coragem e apron­tou-se a beijá-la. A zungueira, (solteirona é assim gente, como diria o brasileiro) correspondeu! Aprontou-se a concluir a retirada da outra alça da blusa descaída, e ela correspondeu. Apertou-lhe nos seios carinhosamente, e ela correspondeu. Voltou a beijá-la e ela sorriu de alegria.

Ela penetrou o olhar nele, no Kota Maneco, apenas alguns anos mais velho que ela, e ficou encantada com o charme do Kota: era atraente, um fiscal diferente, até o suficiente para lhe convencer a não abdicar da sua formosura masculina, e ti­nha os óculos escuros que sempre lhe encantaram. Estava cheiroso.

Ela apertou o cerco, passou a mão pela clavícula do soberbo homem e prendeu-o contra si, buscando-­lhe o aconchego. E voltaram a beijar-se, mas desta vez sem o úl­timo pano, ela feita uma beleza, descoberta por instantes, até que ela se debruçou e recolheu o pano que lhe havia no quadril.

Completamente estupefacta com o perfil do fiscal, charmoso, cheiroso e afável, conquistador e meigo, quase  cinquentão mas vigoroso e macho de verdade, era um fiscal que qualquer mu­lher sonha encontrar nas corri­das que se dão por aí na cidade.

Nem sempre elas têm essa sorte. Fiscal é sinónimo de brutalidade e arrogância. Tem fama de ladrão e mau. Não usa perfume apesar se saber que lida com mulheres. Fiscal hoje disparata zungueira.

Bate com pau e até esmaga fruta com os pés. Dá surra até a mulher mostrar as cuecas ao público que a zomba depois. Fiscal corre e dá baçula sem piedade. E o Kota Ma­neco ali estava diferente. Encan­tador. Peça de homem para mulherada e solteironas. Joaquinita ficou com água na boca. É nisso que dá ficar solteirona.

Já não foi necessário entregar a sacola pendurada noutro braço, onde havia mercadoria da nzun­ga. O Kota Maneco estava nas nú­vens, deliciando com os olhos e as mãos a sua zungueira, totalmente apaixonado. Indireitou a camisa e soltou a zungueira, apertou os botões deixando-lhe seguir em paz com a as castanhas. Fora um momento histórico. Nunca tinha visto um fiscal a beijar uma zun­gueira!

 

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