• Skip to primary navigation
  • Skip to main content
  • Skip to primary sidebar
DW Angola

DW Angola

Development Workshop Angola

  • About DW
    • About DW Angola
    • Timeline
    • Articles About DW
    • About Angola
    • Key Members & Staff
  • Programs
    • Water & Sanitation
    • Land Rights & Settlements
    • Climate Change
    • Informal Economy
    • Microfinance
    • Research
    • Voices of Citizens for Urban Change
    • Decentralisation & Governance
    • Natural Resources, Mining & Development
    • Peacebuilding & Citizenship
    • Urban Transport
    • AngoNet
  • Partners
  • Publications
    • Books by DW
    • Papers by DW
    • Articles about DW
    • DW Developments
    • Compendio de Leis Angolana
  • Community Media
    • Ondaka
    • A Voz de Cacuaco
    • Boletim Informativo
    • Ecos do Heneda
    • Inforsambila
    • Journal Humbi-Humbi
    • Reconversáo
  • Forums
    • Friday Debates
    • Housing Finance
    • Urban Debates
    • Social & Economic Rights Forum
    • Sustainable Urban Planning
    • Training Courses
    • Espaço Sociedade Civil
    • Fórum Urbano no AngoNet
    • Fórum Cazenga
    • Fórum Cacuaco
    • Staff Blog
  • Events
    • COVID-19 Actions
  • Contact
  • English
    • English
    • Português
  • Show Search
Hide Search

O fiscal e a zungueira Joaquinita

Quando anunciaram o encerramento do Ro­que Santeiro, a malta do Rangel pensou logo na sua reconversão, com arrua­mentos lancilados, água potável e electricidade, parques de estacio­namento subterrâneos, bancadas de pedra de calcário e candeei­ros de iluminação nocturna para o povo comprar também as noites, zona verde e balneários moder­nos. O Tipirico, um dos mais in­teligentes do bairro, a pensar até nos elevadores, tapetes rolantes no Roque e armazéns de catego­ria com câmaras frigoríficas de conservação de frescos, WCs com azulejo, parques de estaciona­mento, tudo isto feito com bónus do petróleo em parceria entre as zungueiras e as verbas do GPL.

Só que lhes saiu!

 

As supostas «donas» do merca­do, que inventaram o mercado, e até lhe deram o nome oficial, fo­ram despachadas para além fron­teiras! E eis então que surgiu um novo tipo de zungueiras de rua, as que não aceitaram o exílio do Panguila, nem do km 35 fora de Luanda, que vestem bem, vaido­sas e mandam matacu de invejar, rosto de beleza africana genuína.

São o novo furor da cidade, mas na maioria são solteiras esfomea­das porque os maridos que eram xulos por causa dos lucros do Roque a explorarem as esposas sem vergonha, logo que se aper­ceberam que o mercado acabou, partiram para outra, deixando suas respectivas esposas soltas, milhares delas. Elas agora andam por aí, completamente solteiradas pela má sorte que a Xica dos San­tos lhes deixou enviando-as para longe da população e sem acessos, muitas a procura de marido, feitas zungueira de novo tipo.

Ontem, eram 6 da tarde, num dia de pouco sol, Joaquinita zun­gueira teve um sonho realizado. O Kota Maneco, um fiscal dife­rente, escalado nesse dia, subiu para a carroçaria do Jeep e par­tiu para a missão de perseguição às zungueiras. E o Kota Maneco, quem lhe visse naquele dia, es­tava bonito, charmoso. A farda ficava-lhe bem; os óculos eram castanho-escuro e quase novos, portanto, ainda com o brilho de fábrica.

O Jeep dobrou a esquina do beco do Zé Burro, contornou o triângulo do Rangel e seguiu em frente até bem próximo do lugar da operação de caça e busca. To­dos desceram em passo lento, em surdina, até que foram dar bem perto das zungueiras. Foram to­das surpreendidas de trás. Com­pletamente distraídas. Boa caça­da! Murmurou o Kota Maneco. Boa caçada! É hoje o meu dia!

Fala-se em rendimentos extras, de que os fiscais beneficiam com operações como esta. A recolha é enorme e diversificada: pentes de plástico, maçãs, rolos de cabe­lo, mandiocas, caixas de alfinetes, roupa de fardo, lapiseiras da Chi­na, chinelos do Brasil etc. Tudo.

 É extraordinário ver o volume de bens e produtos duma recolha dos nossos fiscais. Kota Maneco nem queria crer. Só ele, sozinho, reco­lheu da primeira zungueira caixas de alfinetes e vários enroladinhos de elástico branco vietnamita. O fogareiro com os pertences, ainda com brasas acesas sob o bombó, banana e toda a ginguba levou um pontapé. A mulher, de mais de 60 anos apenas deu mixoxo no Maneco, xingou em kimbundu e recolheu do chão apenas algumas notas de kwanzas que se espalharam. Foi atacar uma segunda (o número de mulheres caçadas de­pende muito da pulungunza do caçador e da agilidade nas curvas estonteantes que as zungueiras aplicam aos apanhadores, em ple­na corrida de meia distância) e o Kota desconsegiu Correu então para a terceira, e foi aí que tudo começou!

Quando o Kota Maneco en­trou em corrida de fundo com a terceira zungueira, estava muito longe de saber que aquela era a Joaquinita que vendia no Roque, agora solteirona militante. Uma rapariga dos seus 40 anos, bonita, usa peruca brasileira de cabelos castanhos, de corpo invejável. Ela tem a pele clara e olhos de retina clara (esta membrana interna do globo ocular onde se formam as imagens que vemos e que raríssi­mas vezes se encontra nos olhos de uma negra em cor clara), e a Joaquinita no seu andar, mesmo com a grande sacola dos produtos da zunga, ao caminhar se lhe no­tam os seios mexendo e a gingar que chega. Não usa canudo eléc­trico e faz as vendas com toques mágicos de convencer o cliente, exibindo os sacos de castanha de cajú e paracuca de ginguba. A sua cintura ainda tem as medidas de uma verdadeira miss Angola, de rabo empenado marcando a cur­vatura que enlouquece os homens, uns seios quase novinhos em fo­lha e arrendodados até marcar a diferença, lábios perfeitos. Esta é uma das poucas zungueiras qua­rentonas que podia concorrer com muitas destas jovens feitas beldades e que aparecem na re­vista da caras a mandarem bocas exibicionistas.

Kota Maneco ainda não lhe ha­via descoberto a beleza quando iniciou a berrida atrás da moça que vestia uma roupa incomum, de saia ajustada e blusa bem de­cotada no peito, mas coberta de panos, via-se logo que não era zungueira tradicional.

Ela usa um fio de ouro e brin­cos de argolas de bom diâmetro. Não se parece a zungueira; pare­ce-se a uma santa. E era ela, a que lhe calhou pelo caminho na per­seguição: a Joaquinita!

A corrida que ele empreendeu antes, foi de trás para a frente; ou seja, ele atrás dela e ela correndo a frente. Só quando se cruzaram cara a cara, ele se apercebeu que diante de si estava exactamente a linda mulher. Aquela raparigona de saia no interior mas de panos amarrados, agora de respiração muito ofegante pela corrida ex­traordinária que empreendera para se livrar do fiscal, ela, quase sem fôlego, e ele, completamente rebentado pela berrida, encon­traram-se por fim.

O fiscal zeloso agarrou-a nas mãos e fixou-lhe sem querer um olhar na profun­deza dos seus olhos. Só que lhe saiu também! Viu não uma zun­gueira mas mamas! Mamas a mexer com fio de ouro rodando o lindo pescoço, mamas tilintando ainda pela respiração comprimi­da da corrida entre os soutiens vermelhos que se agarravam ago­ra apenas por um fio.

Os cabelos da zungueira meio soltos, os seus dedos quentes e amáveis, e o fiscal agarrando-a com alguma força para dele não se soltar. Um dos panos da Joaquinita havia caído no percurso e um dos chinelos se havia soltado do pé. Estava meia nua, naquela condição com qua­se metade das vestes. A blusa da zungueira havia penetrado ape­nas dum lado do pano e via-se perfeitamente parte da sua trans­pirante e bonita barriguinha.

O Kota apertou ainda mais as mãos da Joaquinita, recolheu-a mais para próximo de si e falou-lhe bai­xinho qualquer coisa que ela não entendeu. Perante Deus, estavam ali uma zungueira e o Kota, feito fiscal, sortudo duma figa, num espaço cercado pelas aduelas dos quintais daquele beco, já a noite ameaçando chegar. Juro-vos que aconteceu. Sem nenhum tran­seunte por perto e de mãos agar­radas. Só os dois: a Zungueiras e o fiscal. Já era um pouco tarde, o sol a pôr-se de longe e no beco onde a apanhou, não estava viva alma! Juro-vos que aconteceu!

Ainda as respirações estavam aceleradas, os corpos quentes e trémulos, agarrados. Ela então começou a suplicar. Abriu a pas­ta e tinha: 9 sacos de castanha de cajú, 5 sacos de paracuca, alguns pertences pessoais e rolos de ca­belo. Era a mercadoria toda. Com lucros calculados em cerca de 600 Kz/dia. M

as não era a mercado­ria agora que interessava mais ao Kota. Que zungueira é esta nos meus braços? Nem acreditou. O momento era de grande excitação e emoção. Ela com os seus haveres na sacola que agarrou sem largar, e o fiscal, sempre agarrado a ela com toda a força do mundo, apro­ximou mais o peito, o rosto e mais uma vez balbuciou carinhosas palavras, contrárias ao ritual, que consiste em amordaçar a vítima agredindo-a em caso de resistên­cia, e até há fiscais que treinaram baçulas especiais para zunguei­ras, até lhes colocarem em posi­ção de KO. O kota não lhe agiu. Pelo contrário, ficou estupefacto!

Contudo, ao reparar na atitu­de amável e simpática do fiscal, a mulher, desconfiada, lhe deu uma olhada daquelas! Ele vibrou, sorriu com olhar de malandro e a abraçou finalmente.

Olhou para os lados, ninguém! Encheu-se então de toda a coragem e apron­tou-se a beijá-la. A zungueira, (solteirona é assim gente, como diria o brasileiro) correspondeu! Aprontou-se a concluir a retirada da outra alça da blusa descaída, e ela correspondeu. Apertou-lhe nos seios carinhosamente, e ela correspondeu. Voltou a beijá-la e ela sorriu de alegria.

Ela penetrou o olhar nele, no Kota Maneco, apenas alguns anos mais velho que ela, e ficou encantada com o charme do Kota: era atraente, um fiscal diferente, até o suficiente para lhe convencer a não abdicar da sua formosura masculina, e ti­nha os óculos escuros que sempre lhe encantaram. Estava cheiroso.

Ela apertou o cerco, passou a mão pela clavícula do soberbo homem e prendeu-o contra si, buscando-­lhe o aconchego. E voltaram a beijar-se, mas desta vez sem o úl­timo pano, ela feita uma beleza, descoberta por instantes, até que ela se debruçou e recolheu o pano que lhe havia no quadril.

Completamente estupefacta com o perfil do fiscal, charmoso, cheiroso e afável, conquistador e meigo, quase  cinquentão mas vigoroso e macho de verdade, era um fiscal que qualquer mu­lher sonha encontrar nas corri­das que se dão por aí na cidade.

Nem sempre elas têm essa sorte. Fiscal é sinónimo de brutalidade e arrogância. Tem fama de ladrão e mau. Não usa perfume apesar se saber que lida com mulheres. Fiscal hoje disparata zungueira.

Bate com pau e até esmaga fruta com os pés. Dá surra até a mulher mostrar as cuecas ao público que a zomba depois. Fiscal corre e dá baçula sem piedade. E o Kota Ma­neco ali estava diferente. Encan­tador. Peça de homem para mulherada e solteironas. Joaquinita ficou com água na boca. É nisso que dá ficar solteirona.

Já não foi necessário entregar a sacola pendurada noutro braço, onde havia mercadoria da nzun­ga. O Kota Maneco estava nas nú­vens, deliciando com os olhos e as mãos a sua zungueira, totalmente apaixonado. Indireitou a camisa e soltou a zungueira, apertou os botões deixando-lhe seguir em paz com a as castanhas. Fora um momento histórico. Nunca tinha visto um fiscal a beijar uma zun­gueira!

 

Primary Sidebar

Resources

  • Angolan Media Scan
  • Online Library
  • Land Library
  • Community-Led Total Sanitation
  • Community Water – MoGeCA
  • KixiCrédito
  • HabiTec
  • LUPP
  • Urban Forum on AngoNet
  • AngoNet Webmail
  • Audio Archive
  • Africa-China Urban Initiative

Follow us on...

Sign up for E-Alerts

© 2025 Development Workshop Angola | Log in Built by PeaceWorks

  • Home
  • About DW
  • Programs
  • Partners
  • Publications
  • Community Media
  • Forums
  • Events
  • Contact