Esta dissertação procura demonstrar como as nuances de interpretação sobre meio ambiente das
sociedades que compõem o sistema-mundo hoje, em particular no contexto angolano, foram
formadas ao longo de uma história global de colonização e dominação do Norte sobre o Sul, não
apenas econômica e cultural, mas também ambiental. A partir de um olhar da crítica pós-colonial
e da ecologia política, abordo a dança de influências e percepções entre a agenda internacional e a
regional sobre as noções de meio ambiente e terra, analisando o peso da hegemonia das
epistemologias ocidentais e capitalistas na construção e na ideia específica desses conceitos,
entendendo como estes são absorvidos e emanados em Angola e seu Sul. O país e a região, com
suas histórias marcadas pela apropriação agressiva dos solos e exploração desmedida da
biodiversidade, palcos de um longo conflito civil que devastou sociedade e natureza, se fazem
únicos enquanto lentes para entender o significado de meio ambiente no espaço global, suas
incoerências e o lugar desse conceito na cartografia de poderes da Modernidade.
Palavras-chave: Meio ambiente. Terra. Ecologia política. Crítica pós-colonial. Angola.