Manucho é um jovem de 19 anos de idade que vende CD’s e Dvd’s nas imediações do ministério da Reinserção Social, na antiga avenida dos Massacres. Falando à nossa reportagem, disse que vende discos para ajudar sua mãe, que é viúva, e contribuir para ajudar os irmãos menores.
Deixou de estudar há dois anos, quando o pai morreu de doença, e com uns amigos do Marçal, começou a vender os discos copiados pelo DJ Tonilson e ganhavam uma percentagem. Depois juntou algum dinheiro e começou a comprar os seus próprios discos, entre CD’s e DVD’s, para revenda.
O jovem tinha na altura discos copiados localmente em computadores e alguns discos com aspectos de originais, para além de filmes vários. Informou que os adquire nos armazéns do Hoji-yaHenda e, às vezes, nos carros, no mercado dos Kwanzas e do Kikolo. Diz que nos carros a mercadoria é mais barata, há mais oferta, mas tem que se deslocar para aqueles mercados de madrugada, que é a hora que os «grossistas» fazem as vendas. Se for mais tarde tem de comprar já em revendedores, nos quais o preço é um pouco mais alto. Quanto aos discos de música angolana, disse que compra-os aos DJ’s e os mais sofisticados, com aparência de original, adquire-os nos armazéns ou nos mercados já citados. Os discos locais vende-os a cem Kwanzas, os que parecem originais saem a 500 Kz e os filmes 300 Kz.
No chamado «Triângulo dos «Congolenses», está um jovem que disse chamar-se Lindo. Tem 20 anos, estuda a 9.” classe no período nocturno, e vende discos para ajudar a custear as despesas dos estudos. O produto que vende está estendido no chão, por cima de uma lona. De um lado estão filmes e do outro os CD’s, maioritariamente de música angolana, copiados em computador. Vêem-se apenas alguns discos de música brasileira e de Rap americano que parecem originais. Os preços são idênticos aos do rapaz anterior com diferença para os filmes, que vende a 200 Kz.
A forma como os adquire não difere do outro. Acrescentou apenas que algumas vezes é contactado por pessoas que passam de carro e lhe perguntam se não está interessado em comprar «bons discos originais». E quando tem dinheiro compra, porque eles trazem os discos nos porta-bagagens.
Depois de alguns contactos, a nossa reportagem, disfarçada, foi ao mercado dos Kwanzas na madrugada do dia 22 do corrente. O local, conhecido como «parque», por trás do mercado propriamente dito, encravado entre casas, de um lado o Hoji-ya-Henda e do outro o bairro dos Ossos, fervilhava de gente. Muita coisa se vende ali, em grandes quantidades, desde os sacos de bombo, banana, ginguba e outros, provenientes do interior, a aparelhos de som, roupas e CD’s, DVD’s, etc.
Entre algum português, falava-se mais lingala. Podia-se perceber também algumas línguas oeste africanas e asiáticas.
Os CD’s piratas, parecidos com os originais, são vendidos aos montes. Por exemplo, dez CD’s por 2.000 ou 2.500 Kz, dependendo das quantidades. Nos DVD’s, maioritariamente filmes, de origem asiática, dez unidades ficam entre mil e 1.500 Kz, conforme a qualidade e a quantidade.
Pode-se constatar ainda naquele local que há muita coisa que vai sendo vendida nos nossos mercados em muito mau estado de conservação e que também se pode considerar pirata, como o caso dos produtos de chá (cutaria, derivados de leite, entre outros.
Uma nota a reter: a ausência total de polícias àquelas horas chamou a atenção. De acordo com um indivíduo, que disse ser comprador, porque àquela hora consegue-se coisas a bom preço, no «Paraíso», por trás do mercado do Kikolo, há muito mais movimento e apesar de haver uma esquadra policial nas proximidades, a polícia nunca está presente.