A sociedade está a mobilizar-se cada vez mais para a luta contra a violência doméstica. Sábado último, milhares de pessoas participaram numa marcha contra a violência doméstica, organizada pela Igreja Metodista Unida, em parceria com o Ministério da Família e Promoção da Mulher.
A violência doméstica atingiu no nosso país proporções tais que levou nosso legislador ordinário a produzir uma lei específica contra a violência doméstica, na perspectiva de se diminuírem os conflitos nos lares, de que têm resultado problemas de vária ordem e que põem em causa a estabilidade da família.
A estabilidade da família tem sido hoje telha de muitos debates na sociedade, pois ela é essencial para que tenhamos uma sociedade harmoniosa.
Só com harmonia poderemos construir uma sociedade próspera. A solidez das famílias é garantia de termos lares sem conflitos e bem estruturados.
Não foi por acaso que o Presidente da República deu ênfase ao papel da família na nossa sociedade, na sua mensagem de fim de ano. Disse o Chefe de Estado angolano que “é no seio da família que temos de encontrar, em primeiro lugar, as motivações essenciais para a conquista do que queremos para melhorarmos as nossas vidas amanhã”.
José Eduardo dos Santos usou na referida mensagem palavras sugestivas, ao referir-se à famí1.ia, as quais vale a pena reter: “A família é o centro da vida em sociedade.
E na família que se deve ensinar aos mais, novos os valores fundamentais que vão orientar a sua vida de adulto. E na família que se transmitem os ensinamentos oriundos de gerações passadas e é na família que construímos os alicerces e os pilares da Nação”.
O combate à violência doméstica passa também pela transmissão por parte dos mais velhos de valores aos mais novos, para que estes possam assumir posturas que promovam a concórdia e uma convivência saudável entre os diferentes membros da sociedade.
Disse ainda o Presidente da República, e convém recordar, que” temos de consolidar valores como o trabalho, a dedicação e afinco ao que se faz e produz, o amor à Pátria, o espírito de sacrifício, a solidariedade, a tolerância e o respeito para com o semelhante”.
A marcha realizada sábado último é uma demonstração de que a sociedade está consciente da gravidade dos problemas que decorrem da violência nos lares e que é urgente pôr cobro a situações geradoras de instabilidade nas famílias angolanas.
O facto de uma igreja e um organismo do Estado terem promovido em conjunto uma marcha contra a violência doméstica, é sinal de que não são só as autoridades que estão preocupadas com a violência doméstica, mas igualmente, e ainda bem, outros segmentos da sociedade.
Na verdade, a dimensão do problema da violência doméstica no país justifica esforços conjugados, porque é hora de todos estarmos unidos contra a violência doméstica, um fenómeno que já causou muitas desgraças no seio de muitas famílias.
Genoveva Lino, ministra da Família e Promoção da Mulher, disse no final da marcha que “enquanto estivemos em guerra, as igrejas decidiram unir-se em oração, fizeram vigílias, jejuns e nós alcançámos a paz. Estamos certos de que o mesmo vai acontecer neste grande combate contra a violência”.
Foi oportuno o apelo da ministra Genoveva Lino, no sentido de se “denunciar os casos de violência doméstica e de abusos sexuais e cuidar bem das nossas crianças, para que cresçam saudáveis e felizes ( … )”.
Dentro de pouco tempo vai entrar em vigor a lei contra a violência doméstica, um instrumento legal que vai trazer consideráveis mudanças no tratamento de um fenómeno que preocupa toda a sociedade.
Ter uma lei contra a violência doméstica constitui uma grande contribuição ao combate a este fenómeno. Será, entretanto, necessário que outras acções sejam executadas ao nível da educação, para que o país tenha bons cidadãos.
Como afirmou o Presidente da República na mensagem de fim de ano, “temos de saber motivar os cidadãos para pensarem e agirem em prol do bem comum e em benefício da colectividade”.