As expectativas para a economia angolana em 2011 apontam para um ano de consolidação da recuperação económica desenhada ao longo de 2010.
As previsões avançadas pelas autoridades indicam um crescimento de 7,6 porcento do Produto Interno Bruto (PIE). Já o Fundo Monetário internacional destaca que a economia nacional tende a crescer cerca de 7,5 porcento.
Enquanto, isso, o Banco BPI espera por aumento do PIE na ordem de 6,9 porcento. As estimativas adiantadas pressupõem a retoma de taxas de crescimento acima da média da região Austral.
Segundo o relatório do Banco Português de Investimentos (BPI) de Janeiro de 2011, “para este ano, o Governo prevê um crescimento de 7.6 porcento e o FMI 7.5 porcento, o que significa que se retomaram taxas de crescimento acima da média da região. Para tal contribui. a esperada recuperação do sector petrolífero, mais particularmente a recuperação do sector não-petrolífero, que, em 2011, deverá acentuar o seu contributo para o crescimento da economia, afirmando se como motor alternativo de crescimento”.
De acordo com as linhas gerais do Orçamento Geral de Estado para 2011 (OGE/2011), a economia terá crescido 4.5 porcento em 2010 e em 2011 a taxa de crescimento real do PIB deverá acelerar para 7.6 porcento, e regressar a taxas de crescimento de dois dígitos em 2012, depois de, em 2009, este percurso ter sido interrompido e ter-se registado uma expansão de 2.4 porcento.
O relatório destaca ainda que a estimativa oficial de crescimento para 2010 se revela mais optimista do que a previsão do FMI (divulgada em nota de imprensa de Novembro): 2.5 porcento.
FMI prevê crescimento da economia em 2011
O Fundo reconhece que os constrangimentos produtivos no sector petrolífero e a contenção da despesa fiscal terão sido um importante travão da actividade em 2010.
“Em 2011, o Fundo prevê um crescimento real da economia de 7.5 porcento (Country Report, Setembro 2010), ainda muito dependente do sector petrolífero que deverá crescer 6.1 porcento (face à previsão do Governo de 2.3 porcento), o que se justifica pela convicção do Fundo de que o ruvel de produção médio deverá passar a barreira dos 2,0 milhões de barris/ dia (mbd), aproximando-se da capacidade máxima de produção potencial. Em contrapartida, de acordo com o FMI, o sector não petrolífero deverá acelerar (8.8 porcento), mas de forma mais moderada do que o previsto pelo Governo”.
Os cenários do BPI indicam que “face à forte dependência do sector petrolífero e considerando que os níveis de produção em 2010 não deverão, em termos médios, superar significativamente o patamar observado no ano anterior, o BPI reviu para 2.3 porcento o cenário de crescimento para 2010.
Para 2011, o BPI prevê um crescimento real do PIE de 6.9 porcento, que será suportado por uma recuperação do sector não-petrolífero, em linha com o previsto pelo FMI”.
“A actividade do sector não petrolífero deverá beneficiar de um reforço dos investimentos em infra-estruturas chave, particularmente por parte do sector privado, que havia sofrido algum retrocesso nos últimos meses em reflexo dos atrasos dos pagamentos do Estado a algumas empresas privadas, e com a menor propensão ao investimento por parte dos investidores estrangeiros”.
Sector não-petrolífero deverá crescer 10 porcento
Assim, este desempenho tem subjacente um crescimento de 10.0 porcento do sector não petrolífero, que em 2011 deverá continuar a gradualmente a aumentar o seu contributo para o PIB.
No que respeita ao sector petrolífero, a previsão do BPI aponta para uma variação de 2.2 porcento em termos reais, acreditando que se retomará o patamar médio de 1.90 mbd depois da observação de 1.86 mbd em 2010.
“O desempenho em 2010 reflecte particularmente uma recuperação do PIB do sector petrolífero (2.7 porcento).
Porém, há a destacar igualmente o desempenho do sector não-petrolífero (5.7 porcento), embora apresentando uma desaceleração face a 2009, fruto do desinvestimento feito no âmbito da política de contenção fiscal e do impacto na actividade das dívidas do Estado às empresas privadas de capitais estrangeiros, o que deverá nos próximos anos continuar a afirmar-se gradualmente como alternativa em termos de motor de crescimento”, relata o documento.
Desde 2008, o peso do sector petrolífero no PIB nominal desceu de cerca de 58 porcento para 45.6 porcento em 2009, e de acordo com as previsões do Governo, este contributo deverá decair para 42.1 porcento em 2011.
Esta evolução ocorre em contrapartida de um aumento do peso do sector agrícola, da indústria transformadora e dos serviços mercantis, reflectindo a estratégia de diversificação da economia e aposta em sectores de substituição de importações.