As zungueiras que frequentam as áreas do mercado dos Congoleses, Grafanil e Viana, nos últimos tempos, em vez de venderem os seus produtos nas ruas, ocuparam as passagens aéreas para peões ou as pontes construídas junto ao mercado dos Congoleses e à Estrada nº 4 de Viana.
Junto ao mercado do Congoleses foi construída uma passagem aérea para os peões, que abriu ao público em Novembro. Como as zungueiras transformaram a ponte em mercado, é notório o seu mau estado de limpeza. O chão está cheio de papéis, embalagens usadas, restos de comida e de frutas, garrafas e latas.
Entre as 16 e as 17 horas as zungueiras desfazem-se de tudo o que é inútil. O chão fica cheio de lixo e todo o tipo de desperdícios. As pessoas que passam dão uma ajuda e atiram com o lixo para a via. Por baixo da passagem aérea há agora uma autêntica lixeira e o espaço serve de casa de banho pública.
As zungueiras subiram para passagem aérea de peões porque ali estão resguardadas do trânsito e podem fazer os seus negócios tranquilamente. O problema é que deixam o local transformado numa autêntica lixeira, todos os dias. Como ninguém limpa e a passagem está aberta há dois meses, o lixo conquista todos os espaços e ganha altura.
A um quilómetro desta passagem aérea está a famosa ponte que liga a Estalagem (paragem do comboio) à vila de Viana.
Na ponte as zungueiras montaram as suas quitandas e os lixos são acumulados todos os dias.
No fim do dia é que se vê a grande confusão e o lixo produzido durante as horas de “negócios”.
As zungueiras ficam sentadas nos seus banquinhos de madeira ou plástico, esperam os clientes e todos juntos vão produzindo lixo em quantidades industriais. A situação é grave porque quase todas vendem comida ou produtos alimentares.
Os compradores não se importam com o lixo. Uma funcionária pública disse à nossa reportagem que “aqui compro as coisas tranquilamente, apanho o comboio e vou para casa com as compras. Não posso querer melhor”, disse.
No mercado dos Congoleses, a ponte além de ajudar a passagem segura de pessoas e mercadorias vezes só encontramos aquilo que precisamos nos mercados de Luanda”, afirmou Susana Domingos.
Outros que também têm de ter “santa paciência” são os taxistas, particularmente os que fazem a rota entre o mercado dos Congoleses, São Paulo, Asa Branca ou Mútamba. Quando chegam ao mercado dos Congoleses para a recolha de passageiros, têm as vendedoras ambulantes como obstáculos. E às vezes há grandes “makas” entre eles que acabam sempre em cenas indecentes.
Uma zungueira a vender bijutarias sobre a ponte pedonal na Estrada de Catete também “recebe” uma grande quantidade de lixo que quando atinge uma certa altura, transborda das orlas para a rua.
Fábricas de lixo
Durante as horas que estivemos na zona, não vimos ninguém limpar a rua e o mercado do Congoleses ostenta uma falta de limpeza inadmissível, porque é um local de venda de produtos alimentares, alguns frescos. Aquele mercado é uma autêntica fábrica de lixo, associada às “fábricas” que estão nas passagens aéreas da zona.
As zungueiras dizem que são “donas” do mercado. Para elas o mais importante é limpar apenas o local aonde pousam o seu negócio e mais nada. Mas estão bem acompanhadas. Os armazéns que se encontram ao logo da Rua Lino, do Amezaga até ao das Pedrinhas ostentam à porta grandes montanhas de lixo. Os automobilistas que inevitavelmente têm de passar por aquelas bandas enfrentam um quebra-cabeças para cruzar a rua. Todo o cuidado é pouco, para não atropelar pessoas e também os “negócios” que estão expostos no chão.
Fiscais na “limpeza”
As zungueiras fazem muito lixo, mas também aguentam todos os dias as acções dos fiscais que têm a d missão de “limpar” as ruas de todos os vendedores ambulantes.
Para elas já é um hábito fugir da fiscalização com os produtos nas ‘ banheiras ou em sacos.
Elas correm. De verdade, por vezes com os filhos ao colo. Dizem ironicamente que os fiscais “são os nossos maridos”.Quando eles aparecem, aí é que se vê o verdadeiro “diabo assar as sardinhas”. Muitas hesitam entre apanhar a criança que está no chão a brincar ou o “negócio”.
A “limpeza” dos fiscais chega aos arredores do mercado do São Paulo.