A ocupação anárquica e ilegal dos terrenos pela população, com particular incidência na província de Luanda, é um problema antigo que, na actualidade, Ganha dimensões assustadoras e contornos bastante preocupantes.
A queixa que chega da Empresa de Desenvolvimento Urbano (Edurb) de que cerca de 300 hectares da sua reserva para o programa de urbanização de Luanda Sul estão comprometidos, devido à sua ocupação ilegal por parte da população, espelha bem a situação que se vive num sector de per si sensível.
Em virtude desta situação, a Edurb, segundo os seus gestores, vive o momento mais crítico da sua existência, com uma luz amarela a anunciar uma situação de quase falência técnica, o que, diga-se, poderia ter sido evitado se os distintos actores responsáveis pela distribuição legal dos terrenos tivessem jogado preventivamente.
Se é verdade que a sede de ocupação ilegal de terrenos por parte da população caminha de mãos dadas com a ânsia de enriquecimento fácil, através de negociatas ilegais, também é verdade que a população tem agido assim, precisamente porque as entidades que deveriam velar pela ordem simplesmente não o fazem, ou, pior ainda, embarcam elas próprias em esquemas de distribuição ilegal dos terrenos.
Dir-se-á que a Edurb, criada em 1994, precisamente para tomar conta do crescimento da cidade de Luanda, através da melhoria da qualidade da vida da população, mergulhou num lamaçal de onde será difícil sair.
É que, como o provam várias ocorrências, para que a população saia desses espaços sem nenhum tipo de embaraços, será necessário que se distribuam outros terrenos.
É, de resto, um ciclo vicioso que poderia ter sido evitado, nesta e em várias outras situações, se, de facto, os fiscais do Governo Provincial de Luanda, que cuidam dos terrenos pertença da edilidade, tivessem jogado preventivamente, ou seja, que evitassem a ocupação.