Em 2010″ a inflação voltou a ficar acima da expectativa, situando-se em 15,31 Porcento, contra o 13 porcento previstos pelas autoridades angolanas.
A inflação dos alimentos e dos transportes situaram-se acima da inflação acumulada e mostra que no ano passado o poder de compra dos salários caiu substancialmente.
Mas o comportamento dos preços não se mostrou uniforme ao longo desse tempo, tendo o principal choque ocorrido com o aumento do preço da gasolina em 50 porcento e do gasóleo em 37,93 porcento, o que levou a uma aceleração da inflação, em Setembro, para cerca de 2,35 porcento.
Em Dezembro, o nível geral de preços ao consumidor da cidade de Luanda registou uma variação de 1,65 porcento, sendo que a classe hotéis, cafés e restaurantes contribuiu com um aumento de preços na ordem de 6,41 porcento.
A nível dos alimentos, o preço do funge com peixe subiu 12,89 porcento, o funge com galinha 12,71 porcento, o peixe grelhado 12,32 porcento, o churrasco 8,12 porcento, o bife com batatas fritas 7,38 porcento e o cozido 7,03 porcento.
Neste período os preços para os transportes cresceram 2,14 porcento e as bebidas alcoólicas e tabaco aumentaram 1,11 porcento.
Inflação média mensal foi de 1,27 porcento em 2010
A média mensal da inflação em 2010 situou-se em 1,27 porcento, contra 1,16 porcento em 2009, um sinal de que persiste o excesso de liquidez na economia e que as medidas de política monetária foram insuficientes para conter a alta dos produtos.
Do ponto de vista estrutural convém lembrar que o ajustamento nos preços dos combustíveis funcionou como o principal factor de estrangulamento da meta de inflação prevista para 2010.
Neste caso, o estrangulamento da meta de inflação representa o custo de oportunidade induzido pela redução dos subsídios aos combustíveis, que representava um peso para as despesas do Orçamento Geral do Estado (OGE).
Assim, a inflação continua a representar um “enorme fardo” para a economia e para as contas púbicas.
Segundo alguns economistas, o défice da oferta da produção nacional tem contribuído para os problemas inflacionários, devido à inflação importada, dado o facto dos bens e serviços transaccionados no mercado se encontrarem directamente condicionados a factores externos e também à volatilidade na oferta de divisas internamente.
Em dois anos agravou-se a inflação
Em 2010, a tendência de agravamento da inflação acelerou em comparação aos últimos dois anos, dado que em 2008 se fixou em 13,18 porcento, em 2009 sofreu um leve agravamento para 13,99 porcento e em 2010 disparou para 15,31 porcento.
Esta “derrapagem” vai implicar um esforço tirânico em 2011, tanto a nível do controlo da taxa de câmbios e da oferta de divisas para financiar o equilíbrio entre a oferta de bens e serviços importados, quanto para a reanimação da produção nacional, É de salientar que este processo está associado à substituição das importações e pode levar a uma maior ou menor volatilidade dos preços dos bens essenciais, dependendo do grau de eficiência das políticas económicas a adoptar em 2011.
Destaca-se que o Executivo está a trabalhar no sentido de diagnosticar as causas do comportamento dos preços no país e pondera a criação de uma entidade virada para a regulação dos preços e concorrência.