Ao contrario do que tem sido habitual, a Empresa pública de Agua de Luanda, E.P publicou durante a semana passada, no único jornal diário do país (o Jornal de Angola), as suas demonstrações financeiras relativas aos exercícios de 2008 e 2009, isto apesar de já termos entrado em 2011. No documento, constata-se que a empresa apresenta um balanço operacional negativo.
Nos documentos divulgados estão incluídos também dados relativos ao ano de 2008, num trabalho assinado pelos auditores da Ernst & Young, empresa multinacional contratada pelo Estado para assessorar as contas públicas. Para além do resultado líquido registar um prejuízo de cerca de 500 mil dólares (ou 49.381.752 kwanzas), em 2009, é de realçar que os prejuízos diminuíram significativamente, quando comparados com o exercício anterior que apresentou um saldo negativo de cerca de 13 milhões de dólares (ou 1.258.339.105 kwanzas). Alarmante é a situação operacional da empresa consecutivos prejuízos e que parece não encontrar caminho de volta. Por exemplo; a rubrica “Recebimento de Clientes” apresenta uma quebra de quase 50% entre 2008 e 2009 passou de 60 milhões dólares (5.955.344.896 sanzalas) para cerca de 24 milhões. (2.356.968.149), respectivamente. Este cenário reflecte-se depois no “Fluxo de Caixa das Actividades 9peracionais” que, em 2009, foi negativo em 19 milhões de dólares (1.944.605.891 sanzalas). Em 2008, a mesma rubrica demonstrava um prejuízo de “apenas” 3 milhões de dólares (296.414.455 kwanzas).
Os dados em análise sugerem que a capacidade de arrecadação de novos clientes e de cobrar dividas decresceu de 2008 para 2009. O facto pode também estar associado à contínua evangelização da rede de abastecimento de água na cidade de Luanda e pela proliferação de bairros sem infra-estrutura básica que assim estão afastados do serviço canalizado formal. Neste caso, é importante destacar que a EPAL tem sentido dificuldades em fazer cobranças dos “consumos de água aos organismos públicos”como se pode ler no ponto 3 do parecer do Conselho Fiscal da empresa. Auditores não garantem fiabilidade operacional.
O relatório dos auditores, também publicado em anexo no Jornal de Angola, é de certa forma um alerta para a administração da EPAL. A Ernest & Young admite que determinadas situações “não permitiram” que a auditoria fosse “integralmente realizada de acordo com as Normas Internacionais de Auditoria”. Levantam também algumas reservas: “Apesar das medidas de correcção postas em prática nos últimos anos, o sistema de controlo interno da Empresa ainda não é garante de que todas as operações e lançamentos contabilístico em documentos válidos, assim como ainda não foram implementados procedimentos adequados e suficientes de forma a garantir um correcto exercícios de operações do exercício”.
A empresa de auditoria assume ainda que “não é pratica corrente na empresa “identificar e corrigir as diferenças entre informações oriundas dos os extra-contabilísticos.Este facto dá depois origem.
Segundo a Ernest &Young,”a divergências nem sempre justificadas na contabilidade””. Assim, não é possível “tirar garantias de que os sistemas de informação e de controlo produzem demonstrações financeiras isentas de distorções materialmente relevantes”, segundo o relatório.
Em jeito de conclusão, os auditores assumem não estar em “condições de expressar uma opinião sobre as demonstrações financeiras” da EPAL. O relatório, entretanto, foi aprovado pelo Conselho Fiscal da empresa ao 18 de Junho de 2010.
A EPAL serve os nove municípios de Luanda e o abastecimento é assegurado pela exploração de quatro sistemas de produção: dois a norte, a partir do benzo do rio Benzo, que são o sistema1 (ou ETA Candelabro), com uma capacidade de 60.000 metros cúbicos de agua/ dia e o Sistema 2(ou ETA Difamando) com uma capacidade de 140.000 metros cúbicos / dia.
Dois sistemas estão a sul, a partir do rio Kwanza – o Sistema 3, também conhecido por ETA Luanda Sudes,te, com uma capacidade de 216.000 metros cúbicos e o sistema Kicuxi, com uma capacidade de 17.200 metros cúpicos. Estas unidades de produção transferem água para os centros de distribuição de Viana, Benfica, Palanca, Marçal, Maianga, Cazenga e Palácio.