O ano agrícola de 2010/2011 no município da Quissama, província do Bengo, está comprometido devido às cheias. As chuvas são constantes e o nível do rio Kwanza sobe diariamente, com consequências negativas para a economia agrícola. Muitas lavras encontram-se submersas e os produtos do campo começam a rarear e a subir de preço.
As autoridades estão preocupadas com a situação e já tomaram medidas. Foi feito o levantamento do número de sinistrados e foram registadas 1.505 famílias afectadas pelas cheias.
“Temos o número exacto de localidades atingidas. O problema está nas áreas de cultivo danificadas, qualquer coisa como 780 hectares com milho, mandioca, batata-doce, feijão e abóboras”, informou João Martins, administrador municipal da Quissama.
“Precisamos de apoios do Ministério da Assistência e Reinserção Social e da Protecção Civil, porque vamos entrar num período de fome daqui a dois ou três meses”, disse o administrador municipal da Quissama.
As populações ribeirinhas dependem do produto das lavras. “As cheias destruíram as plantações e sem produção agrícola as pessoas que vivem do campo, não têm outra fonte de rendimentos”, disse o administrador municipal.
A Direcção Provincial da agricultura, a Mecanagro e o Instituto de desenvolvimento Agrícola, logo que haja condições “vão apoiar-nos com máquinas e alfaias para preparamos terrenos no interior, mais longe do rio. Depois vamos distribuir sementes e aproveitar as grandes chuvas de Abril para recuperarmos alguma produção, ” disse João Martins.
O município da Quissama é atravessado a Norte pelo rio Kwanza, a Sul pelo rio Longa e a Sudoeste pelo oceano Atlântico. Tem uma população de 22.308 habitantes, maioritariamente camponeses.
N as últimas semanas tem caído muita chuva, o que provocou as cheias. O Kwanza invadiu as culturas ribeirinhas do bairro Pita, na Muxima, e o milho está submerso. O rio transbordou e inundou uma área de dois quilómetros. A força da corrente é enorme. As cheias tomaram conta de aldeias ribeirinhas como Gondola, Condole, Dele, Caululu, Cacoba, Culemba e várias zonas da Muxima. As águas invadiram as lavras mas não causaram prejuízos nas casas.
Em Caululu e Culemba, as casas construídas perto das margens do rio Kwanza estão em risco e são inundadas, caso as chuvas continuem. Rita José, uma das camponesas da Muxima, tem seis lavras nas imediações do bairro do Pita. Disse à nossa reportagem que “não sabemos o que vamos comer, porque o que semeamos para colher daqui a alguns meses ficou tudo estragado por causa das cheias”. Rita José acrescentou que “perdemos tudo e isto pode trazer uma crise de fome”.
Susana Domingos disse que neste ano agrícola contava colher algumas toneladas de tomate e milho para o seu sustento e para vender nos mercados da região.
“Com esta situação perdemos as colheitas e se vamos ao mercado comprar, tudo está caro. E muitas vezes só encontramos aquilo que precisamos nos mercados de Luanda”, afirmou Susana Domingos.