A transferência do mercado do Roque Santeiro, no passado mês de Setembro, para o Panguila, tem provocado o aumento de vendedoras no mercado informal situado na rotunda da Cuca. O movimento comercial provoca graves problemas à circulação dos automobilistas.
Ao fim do dia, a rotunda da Cuca fica com toneladas de lixo e para além do aumento de vendedoras, também aumentaram os casos de delinquência.
A reportagem do Jornal de Angola ouviu várias vendedoras e todas foram unânime em afirmar que estão a vender na rotunda da Cuca porque o mercado do Panguila fica muito distante e há falta de espaços nos mercados de Luanda.
Filomena Marisa, moradora no Bairro Prenda, diz estar consciente do perigo que corre vendendo num local impróprio e onde o movimento de viaturas e motorizadas é constante.
“Sei que corro perigo vendendo neste local, mas não existem lugares nos mercados por isso estou a vender aqui para sustentar os meus filhos”, disse Filomena Marisa.
Celestina Ambrósio, moradora na Calemba, afirmou que antigamente vendia no Roque Santeiro mas com a transferência para o Panguila, a solução encontrada foi a rotunda da Cuca lugar propício para vender os seus produtos.
Mana Celestina disse que está cansada com a vida na zunga mas não sabe como se libertar dela, por falta de emprego ou de um lugar no mercado para vender.
“Se o Executivo construir mais mercados em Luanda estou disposta a deixar de vender em locais impróprios para o comércio”, afirmou.
Vendedora de roupa, Celestina Ambrósio reconheceu que a sua actividade causa problemas no trânsito da rotunda da Cuca. “”Também sei que não devíamos deixar o lixo no chão, mas nem todas as vendedoras têm cuidado”, disse.
Administração cria condições
A Administração municipal do Cazenga garante que foram criadas “boas condições” no mercado do bairro Hoji ya Henda para acabar com a venda na rotunda da Cuca e no mercado informal “arreou arreou”, mas nada adiantou.
“O mercado do Hoji ya Henda tem muitos espaços vagos para as vendedoras e é lá que devem exercer a sua actividade, com segurança, limpeza e higiene”. A Administração do Cazenga desmente as vendedoras da rotunda da Cuca e garante que existem muitos espaços disponíveis nos mercados.
“Por isso, aconselhamos as vendedoras ambulantes a acabarem com a prática de vender nas ruas, devem ir para os mercados existentes no município onde têm excelentes condições de trabalho”.
Produtos estragados são comercializados
Clientes do mercado informal da rotunda da Cuca disseram à nossa reportagem que muitos produtos ali comercializados são impróprios para consumo humano, principalmente os perecíveis.
Francisca Pedro, uma cliente, disse que a maioria dos produtos vendidos na praça da Cuca são estragados. “As vendedoras aproveitam vender peixe, frango, carne de vaca e outros produtos perecíveis e lacticínios no período nocturno por estarem deteriorados. Elas aproveitam o cair da noite, altura em que as pessoas estão a sair do serviço, com pressa, para venderem produtos estragados”, afirma Francisca Pedro.
Os automobilistas que circulam diariamente na rotunda da Cuca pedem às autoridades para acabarem com o mercado informal em plena via.
Sebastião Pedro, motorista de táxi, diz que cada dia o trânsito é mais difícil na rotunda da Cuca porque há cada vez mais vendedoras no local. “Elas estão sujeitas a ser atropeladas”, disse.
Santana Pedro Sebastião, outro automobilista, disse é preciso uma maior intervenção da parte dos agentes da Polícia Nacional e da Fiscalização para impedirem as vendedoras de exercer a sua actividade naquela zona.
Pinto Lopes, taxista que usualmente faz o percurso entre São Paulo e a Cuca diz que “as pessoas pensam que os taxistas são os principais causadores dos engarrafamentos nas principais vias de Luanda, mas a venda de produtos nas ruas causa mais problemas ao trânsito do que nós”.
O taxista Ferreira Pinto disse que a fiscalização da Administração Municipal e o Comando da 3ª Divisão de Polícia do Cazenga devem trabalhar em colaboração com vista a acabar com o mercado informal na rotunda da Cuca.
“A Administração Municipal do Cazenga e a Polícia Nacional devem aplicar medidas duras contra aos prevaricadores para forçá-los abandonarem a área e facilitar o movimento do trânsito”, disse.
Mercado informal prejudica a escola
O alargamento do mercado na rotunda da Cuca está também a preocupar a direcção, os professores e alunos da Escola do primeiro Ciclo n° 7012 do município do Cazenga.
Santa Luzia, chefe do turno da noite da escola 7012 disse que o crescimento da praça tem provocado incómodos aos alunos e professores. “As vendedoras instalam-se mesmo em frente à entrada da escola, impedindo o acesso”, lamentou.
O professor Santa Luzia revelou que já conversou várias vezes com as vendedoras para libertarem a entrada da escola, mas nada adianta. Professores, alunos, pessoas que pretendem resolver assuntos junto da direcção da escola e viaturas, são “barrados” pelas vendedoras ambulantes e os seus produtos expostos no chão.
Acrescentou que a direcção da escola apresentou a situação às autoridades mas até agora ninguém retirou o mercado informal da rotunda da Cuca.
“As zungueiras vendem os seus produtos em cima da faixa de rodagem da Estrada da Cuca, onde circulam viaturas e motorizadas. Estão sujeitas a serem atropeladas”, disse o professor.
Camiões de cerveja a entopem o trânsito
Os camiões que se concentram diariamente para realizarem carregamentos de cerveja na fábrica da CUCA-BGI têm criado grandes dificuldades na circulação automóvel.
A nossa reportagem verificou que existem diariamente grandes filas de camiões com grades de cerveja nas imediações da fábrica para serem abastecidos. As filas de camiões têm contribuído para a aglomeração de trânsito.