OS ANGOLANOS viveram no ano passado com um rendimento per-capita diário de 5 dólares, segundo o relatório de desenvolvimento humano relativo a 2010, apresentado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD). Se olharmos para os rendimentos nos últimos cinco anos, verifica-se que os actuais 5 dólares representam um aumento de quase 118%, uma amostra da real pobreza que ainda se verifica em Angola.
Este e outros indicadores analisados por este organismo internacional colocaram Angola na categoria dos países com desenvolvimento humano baixo, ocupando assim o lugar 146 no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), entre os 169 países analisados.
O IDH de Angola no ano passado foi de 0,403. No entanto, a esperança média de vida aumentou para os 48,1 anos. Mas é na educação onde não se verificam melhorias. Os anos de escolaridade esperados mantêm-se nos 4.4 anos, a mesma cifra para a média de frequência escolar.
Apesar destes números, o PNUD alerta que não devem ser comparáveis a outros anos, devido à metodologia utilizada para a realização do relatório 2010, diferente da que foi empregada em anos anteriores. Os números apresentados pelo relatório do PNUD foram recebidos pela ministra do Planeamento, Ana Dias Lourenço, com alguma tranquilidade. A governante entende que a posição de um país em termos de IDH pode variar para cima ou para baixo, sem que esta alteração traduza verdadeiras mudanças estruturais, sociais ou económicas.
Ana Dias Lourenço considerou existirem transformações económicas e sociais ocorridas em Angola, onde a taxa média de crescimento do Produto Interno Bruto, entre 2002 e 2010, foi de 12,1%, já contabilizados os efeitos de atenuação ocorridos em 2009, devido à crise económica e financeira internacional.
“ Se reportamos o crescimento médio do PIB ao período 2002/2008, a taxa média de variação do PIB foi de 14,7%. Neste mesmo período, a taxa média de variação do IDH reportado no relatório de desenvolvimento humano de 2008 foi praticamente de 5% em média anual, assinalando, portanto, que uma parte do crescimento do produto interno bruto foi canalizada para a melhoria das condições,” afirmou a ministra no tom habitual.
“ O próximo relatório sobre o desenvolvimento humano vai reflectir melhores números sobre Angola” no entender de Ana Dias Lourenço, uma vez que o de 2010 ainda não projecta os resultados do inquérito integrado sobre o bem estar da população (IBEP), realizado entre 2008 e 2009, apresentado no ano passado, e que mostra uma recuperação em indicadores-chave do progresso social no pais.
A Noruega foi, no ano passado, o país com o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) mais alto, com o valor de 0,938, tornando este Estado o líder da tabela.
Se olharmos para o rendimento per capita (por pessoa), cada norueguês viveu com 59 dólares diários no bolso. A esperança média de vida neste país é de 81 anos, enquanto a média de anos de escolaridade é de 12,6%.
A Austrália aparece na segunda posição com o IDH de 0,937, seguida da Nova Zelãndia com 0,907. Os Estados Unidos da América aparecem na quarta posição com 0,902, enquanto a Irlanda fecha o grupo dos cinco países com o índice de desenvolvimento humano mais elevado, com 0,895 valores.